Esses dias, sentada no estoque da minha empresa, onde o som das empilhadeiras se mistura ao cheiro característico de caixas de papelão, me permiti pausar. Não para contar números ou planejar a próxima meta de faturamento, mas para refletir sobre a jornada que me trouxe até aqui. Uma jornada que começou pequena, tímida, quase invisível, mas que hoje impacta diretamente mais de 200 famílias.
É engraçado como, no começo, a gente só pensa em sobreviver. Eu lembro de quando minha única preocupação era pagar as contas no final do mês e garantir o leite da minha filha. Não existia “missão” nem “propósito” no dicionário de quem estava começando. O único objetivo era me autossustentar, e qualquer pensamento que fosse além disso parecia um luxo reservado a quem já tinha estabilidade.
Mas o tempo é um professor implacável. Ele nos mostra que, quanto mais você cresce, menos se trata de você. E, ao mesmo tempo, mais o “você” importa, porque é sua visão, sua coragem e, muitas vezes, sua teimosia que vão sustentar as pessoas que dependem de você.
Hoje, enquanto me arrumo para a nossa festa de confraternização —um evento que celebra não apenas os resultados, mas as histórias e conquistas que construímos juntos—, percebo a magnitude do impacto. São mais de 200 colaboradores diretos. Duas centenas de famílias que têm suas vidas tocadas por algo que um dia foi só uma ideia, um sonho incerto no meio de uma tempestade de dúvidas.
Não vou romantizar: empreender é um desafio diário. Não tem glamour na noite em claro, na conta que não fecha ou no medo de errar e colocar tudo a perder. Mas há uma beleza crua em tudo isso, porque quando você persiste algo mágico acontece. Você percebe que seu esforço individual ganha uma proporção coletiva.
Naquele estoque, cercada por caixas e mercadorias, me dei conta de que não estamos apenas entregando produtos ou serviços. Estamos entregando sonhos, estabilidade e, talvez, a chance de alguém fazer algo maior com sua própria vida. É isso que o propósito faz: ele transcende.
Ele começa pequeno —um objetivo de sobrevivência— e, de repente, cresce para algo que toca vidas que você nunca imaginou alcançar.
Eu acredito que o propósito vem em ciclos. O primeiro ciclo é sobre você. É sobre garantir que sua luz não se apague, que você tenha forças para continuar. Esse é o ciclo da sobrevivência. Depois, vem o ciclo do impacto. É quando você percebe que o que você faz está transformando vidas além da sua.
E é aqui que muitos empreendedores tropeçam, porque o segundo ciclo exige desprendimento. Exige que você entenda que o “eu” precisa dar lugar ao “nós”. Que seu sucesso individual só faz sentido se estiver alinhado com o crescimento coletivo.
Hoje, nosso propósito como empresa é empoderar, transformar, inspirar. Mas isso só foi possível porque lá atrás, sentada no meu próprio estoque emocional, eu decidi que minha história precisava ir além do medo de falhar.
Quando olho para os rostos dos nossos colaboradores, vejo algo que me emociona profundamente: confiança. Eles acreditam no que construímos, no que somos, no que ainda podemos ser. E isso, meus amigos, não tem preço.
Empreender é carregar o peso das suas escolhas e das vidas que delas dependem. É ter noites mal dormidas porque a responsabilidade é grande, mas acordar todas as manhãs com a certeza de que vale a pena.
Hoje, quando os 200 colaboradores se reunirem na nossa confraternização, eu vou lembrar do estoque. Vou lembrar de como tudo começou com uma necessidade e se transformou em propósito. E vou lembrar que ainda estamos apenas no começo.
Afinal, o propósito não é um destino. Ele é uma jornada que se renova a cada passo, a cada decisão e, acima de tudo, a cada vida que conseguimos tocar.
Que venham mais ciclos. Mais desafios. E mais momentos para pausar, respirar e perceber que, no fim das contas, o que construímos juntos vale cada segundo.
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