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    Home » É preciso lidar com racismo na crise climática, diz autor – 27/03/2025 – Ambiente
    Meio Ambiente

    É preciso lidar com racismo na crise climática, diz autor – 27/03/2025 – Ambiente

    Brasil ElevePor Brasil Elevemarço 27, 2025Nenhum comentário8 minutos de leitura
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    “O movimento ambiental inventou uma gramática para falar sobre questões climáticas que não deixa espaço para um envolvimento com racismo ou mesmo reparação histórica.” A afirmação é do escritor e ambientalista Malcom Ferdinand, autor de “Uma Ecologia Decolonial: Pensar a Partir do Mundo Caribenho” (editora Ubu).

    Natural de Martinica, território francês no Caribe, o autor analisa como as dinâmicas sociais criadas no período colonial interferem na relação entre brancos e não brancos ainda hoje. Isso porque, historicamente, as pessoas negras não ocuparam e continuam a não ocupar os mesmos espaços de tomada de decisão e de poder, e o mesmo acontece quando o assunto em debate é a ecologia.

    Em passagem pelo Brasil para uma série de palestras, ele afirmou à Folha que a justiça climática —conceito que se baseia no fato de que os efeitos das mudanças climáticas atingem os diferentes grupos sociais de forma desigual— é hoje a principal demanda do debate ambiental.

    “A ideia de que você pode lidar com a crise climática sem se envolver com racismo ou com patriarcado é, em si, uma prática política de branquitude”, destaca.

    Em seu segundo título, com lançamento previsto para 2026 no Brasil, ele conta ter percebido que um olhar crítico sobre a ecologia envolve, também, mirar a produção de conhecimento na academia e como as pessoas racializadas, em geral mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global, acessam e contribuem para o conhecimento científico. “Precisamos de uma forma de ciência decolonial para fazer uma ecologia decolonial”, afirma ele.

    Hoje, o que considera ser a demanda mais importante na agenda climática?

    Para mim é a justiça.

    Justiça em qual sentido, poderia explicar?

    O que eu quero dizer aqui é que é possível ter um governo de esquerda ou de direita, ou um governo fascista, que vai tentar proteger o ambiente. A expressão “política climática” ou “agenda climática” não explica como vamos viver em conjunto.

    Hoje, por exemplo, há a necessidade de conter o avanço do nível do mar, queremos limitar o número de eventos extremos que serão catastróficos, especialmente para pessoas racializadas. Mas, além disso, precisamos de justiça climática, precisamos de uma representação para engajar questões sociais, de gênero e raciais.

    Você pode ter políticas climáticas sem justiça climática, é um tema que pode ser levado para discussão em eventos como a COP [conferência da ONU sobre mudanças climáticas].

    A respeito da COP30, que acontece aqui no Brasil em novembro, tem acompanhado as articulações sobre o evento?

    Como não moro aqui, tenho acompanhado algumas, mas quero tentar ir ao evento.

    Como vê a importância e o impacto de eventos como a COP?

    Acho que eles são importantes, claro. Porque é uma tentativa das pessoas se unirem e enfrentarem juntas um problema. A questão é: todas as vozes do Brasil serão ouvidas? Ou serão, como tem sido por muito tempo, usadas como um “tokens” [símbolos de inclusão]?

    Algo como: “Ei, olhem, nós cuidamos do nosso povo indígena”. E então, quando a COP termina, nada muda. Essas vozes serão realmente consideradas?

    Até agora, o Brasil tem uma voz na ONU, uma cadeira. A França também tem uma voz. As pessoas como eu, de onde eu venho, nós não sentimos que somos adequadamente representados pela única voz da França. Mas, por não sermos independentes, não podemos ter nossa própria representação nem um lugar à mesa. É como se houvesse uma mesa para os adultos discutirem, enquanto as pessoas negras e indígenas estivessem na mesa das crianças.

    No seu livro, o senhor usa algumas referências do período colonial, e uma delas é o navio negreiro, para explicar desigualdades e como as mudanças climáticas afetam as pessoas de maneira diferente. Por que escolheu essa imagem?

    Escolhi isso por duas razões. De um lado, queria mostrar o imaginário desse movimento [ambiental] que realmente não prestava atenção às pessoas negras. E, por outro lado, eu não vejo o navio negreiro apenas como um modo histórico de transporte, ele é um dispositivo político, que cria um tipo de relacionamento entre os colonizadores e os escravizados.

    Há uma parte do meu livro em que falo sobre a política do porão. O porão é uma ferramenta para descrever algumas sociedades, incluindo o Brasil.

    No transporte forçado, muitos negros morriam, mas o objetivo não era matá-los, era lucrar. Na parte superior do navio, ao ar livre, as pessoas negras não podiam ficar. Mas elas eram importantes para as pessoas brancas. Então, a política do porão é uma forma muito insidiosa e muito perversa de discriminação, na qual as pessoas brancas queriam manter as pessoas negras muito, muito próximas, mas não livres.

    Mas o que eu vi no Brasil há dois anos [quando veio ao país pela primeira vez] é que ainda se tem essa prática, em que a maioria dos trabalhadores domésticos nas casas de pessoas brancas são negros, as pessoas trabalhando na limpeza também.

    Então elas ficam muito, muito próximas, mas não é a casa delas. Mas elas não estão no mesmo nível. As pessoas negras estão limpando as ruas, cozinhando sua comida, às vezes fazendo todas as coisas com as quais você lucra, mas sem ter o direito a uma educação adequada, saúde, moradia, direitos fundamentais.

    O senhor diz que essa dinâmica do navio negreiro se repete na luta climática. Vê uma maneira de mudar isso, de tirar essas pessoas do “porão”?

    Essa é a questão mais importante, como fazer, como lutar, como destruir esse sistema. O que posso dizer é que é uma luta em que a gente precisa ter companheiros. Não vou dizer às pessoas como lutar, esse não é o meu papel. Neste primeiro livro, minha proposta é participar da discussão e saber para quê a gente vai lutar.

    O perigo é que as pessoas pretas e os povos indígenas, por não terem um espaço ideal para participarem no movimento climático, digam: “Ah, isso é uma coisa de pessoas brancas”. E, por isso, não se envolvam. Acho que a gente tem que inventar a nossa própria gramática, inventar nossa língua para descrever o mundo, o clima e para decidir o nosso caminho.

    O senhor fala também sobre esse caminho estar longe da lógica que foi estabelecida pelo colonizador. Seria uma possibilidade olhar para as raízes do que já existia aqui na América Latina e no Caribe como uma maneira de iniciar alguma mudança?

    Sim, pode ser. Mas é principalmente sobre como olhamos para as práticas de povos indígenas e quilombolas, para não colocá-las em um lugar de exoticidade. E nem fazer o movimento de pegar o que preciso sem me interessar pela história, por quais são as demandas daquele povo e de como pensar políticas de reparação. Então precisamos pensar em como fazer isso sem reproduzir uma forma de colonização.

    Qual tema o senhor aborda no livro que chega ao Brasil ano que vem?

    Meu segundo livro, “S’aimer la Terre”, posso traduzir como “Amar-se a Terra”. Então seria: “Amar-se a Terra – Desfazer o Habitar Colonial”.

    É uma reflexão a partir de um caso específico de Martinica [em que houve contaminação de grande parte do país pelo uso excessivo de clordecona, pesticida proibido na França] onde também trabalho as articulações entre classe, gênero e colonialidade, mas incluo outra palavra importante: a ciência.

    Me dei conta de que não é possível ter um discurso crítico sobre qualquer assunto ambiental, ecológico, sem também ter um discurso crítico sobre a produção científica. Quem pode participar dessa atividade de produzir o saber científico? Para quem são as produções científicas? Quem pode acessá-las? Percebi que precisamos de uma forma de ciência decolonial para fazer uma ecologia decolonial.

    As pessoas negras de Martinica ainda estão excluídas da ciência que ajuda a decidir as políticas que impactarão as suas vidas. O livro é onde eu falo sobre isso e sobre o caso de uma contaminação por agrotóxicos que aconteceu em Martinica e em Guadalupe. Ao todo, foi uma pesquisa de 14 anos.

    O senhor encontra semelhanças entre Martinica e o Brasil ao observar as lutas de raça e classe?

    A estrutura e a história colonial são semelhantes. O racismo existe nos dois lugares, mas não da mesma forma. A principal diferença é a escala, devido ao tamanho do Brasil. Então, acho que o movimento brasileiro pode ser um pouco mais forte e influenciar um pouco mais o governo e a política.

    Uma dificuldade para nós dois, França e Brasil, é a que vem da branquitude. Quando eu, um homem negro na França, vejo as imagens do Brasil, o que vem até mim são as coisas que já estão lá. Então, antes de chegar aqui, não sabia que existiam tantas pessoas pretas, tantos movimentos importantes e nomes como Lélia Gonzalez e Beatriz Nascimento.

    Talvez exista a mesma coisa aqui e, para o Brasil, a França pareça só um país da branquitude, mas é um país que também tem um movimento negro, social. Eu também participo destes movimentos e, talvez, a maneira de nos ajudar seja construir mais pontos para tocar, longe da branquitude.


    Martinica, 1985. Engenheiro ambiental pela University College London, é doutor em filosofia política e ciência política pela Université Paris Diderot. Seu primeiro livro “Por uma Ecologia Decolonial – Pensar a Partir do Mundo Caribenho” foi publicado no Brasil em 2022. Atualmente, é pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique, na França.

    O projeto Excluídos do Clima é uma parceria com a Fundação Ford.



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