À beira de uma floresta no leste da Alemanha, um balão contém uma tecnologia de ponta para impedir os incêndios florestais, cada vez mais frequentes e destrutivos, mesmo em países setentrionais, devido ao aumento global das temperaturas.
O balão, coberto por painéis solares, abriga um drone equipado com inteligência artificial que, segundo seu criador, um dia será capaz de detectar e apagar incêndios florestais em poucos minutos.
“Os incêndios se propagam muito mais rápido e de maneira mais agressiva do que no passado. Isso significa também que devemos reagir com mais rapidez”, afirmou à AFP Carsten Brinkschulte, diretor da empresa alemã Dryad, durante uma demonstração em Brandemburgo, a região que circunda Berlim.
Até mesmo a capital alemã teve que se acostumar com a propagação dos incêndios florestais, onde antes eram raros.
As chamas devastaram uma floresta a oeste de Berlim em 2022, durante uma forte onda de calor excepcional responsável por vários incêndios no país.
Calor, seca e ventos violentos, os ingredientes clássicos dos incêndios, intensificaram-se com as mudanças climáticas.
E o fenômeno atinge um nível tal que se tornou quase impossível detê-los, diz Lindon Pronto, especialista em gestão de incêndios florestais no Instituto Florestal Europeu.
Por isso é necessário agir para desenvolver instrumentos que facilitem “controlar os incêndios na fase de prevenção, na operação e após o incêndio”, acrescentou Pronto.
Evitar catástrofe
Como 29 empresas de todo o mundo, a Dryad compete por um prêmio de vários milhões de dólares, que impulsiona o desenvolvimento de soluções para apagar os incêndios de maneira autônoma em menos de 10 minutos.
Durante a demonstração realizada na quinta-feira (27) pela Dryad —a primeira de um drone de detecção pilotado por computador, segundo a empresa – foi iniciado um incêndio fictício, que é detectado por sensores espalhados na floresta a partir de produtos químicos presentes na fumaça.
Os sinais são então transmitidos para a empresa, que libera remotamente o drone. O aparelho, com cerca de 2 metros de diâmetro, sobe acima das árvores, traçando uma trajetória em ziguezague para localizar o local preciso e a magnitude do incêndio.
Com as informações coletadas pelo drone, os bombeiros estariam em condições de “reagir de forma muito mais eficaz e rápida e evitar uma catástrofe”, afirma Brinkschulte.
A Dryad ainda não alcançou a etapa final: a extinção do fogo pelo drone com a ajuda de um “canhão sônico”, uma nova tecnologia que projeta ondas sonoras de baixa frequência para apagar pequenos incêndios.
Se funcionar, este método experimental de extinção acústica evitaria que o drone transportasse “grandes quantidades de água pesada”, o que tornaria a unidade mais ágil e eficaz, segundo o chefe da start-up.
Comercialização em 2026
As tecnologias como as desenvolvidas pela Dryad são um avanço em direção à extinção de incêndios “sem colocar em risco a vida das pessoas”, indica Lindon Pronto, originário da Califórnia, onde os devastadores incêndios florestais são frequentes.
Em janeiro, gigantescos incêndios em Los Angeles mataram 29 pessoas, destruíram mais de 10 mil casas e causaram 231 bilhões de euros (cerca de R$ 1,4 trilhão) em danos, segundo cálculos da empresa de meteorologia AccuWeather.
Nas áreas onde “a civilização encontra a natureza”, um sistema autônomo de prevenção de incêndios seria o mais vantajoso, acrescenta Brinkschulte. Pois é aí que “o risco para a vida e a integridade física é naturalmente mais elevado”.
A empresa espera comercializar o drone em 2026, com uma primeira utilização provavelmente fora da Europa.
“Esses sistemas ainda precisam de um quadro regulamentar para poder funcionar comercialmente”, diz o CEO, acrescentando que a Dryad busca um desenvolvimento na Europa nos “próximos anos”.
No entanto, alguns problemas ainda precisam ser resolvidos: a tentativa de resposta ao incêndio fictício de quinta-feira foi retardada por um sinal de GPS defeituoso.