Os líderes mundiais das principais economias, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia e o Brasil, estão planejando não participar da cúpula das Nações Unidas sobre mudanças climáticas deste ano, conhecida como COP29, em Baku, no Azerbaijão.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, não irá à COP29 devido aos acontecimentos políticos em Bruxelas, disse um porta-voz da Comissão à Reuters nesta terça-feira (5).
Lá os legisladores estão avaliando os membros da nova Comissão Europeia, que liderará a formulação de políticas da União Europeia nos próximos cinco anos.
“A Comissão está em uma fase de transição e a presidente, portanto, se concentrará em suas funções institucionais”, disse o porta-voz.
O presidente dos EUA, Joe Biden, também não viajará para o evento, disse uma fonte do governo norte-americano à Reuters. A COP29 começa em 11 de novembro, alguns dias após a eleição presidencial dos EUA, realizada nesta terça-feira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já cancelou sua viagem à COP29 após um ferimento na cabeça no mês passado. Ele será substituído pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Segundo o Planalto, o cancelamento aconteceu porque o presidente quis focar na cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) e na cúpula do G20, ambos em novembro. No final de outubro, porém, Lula também desistiu da ida ao evento da Apec, em Lima (Peru).
Alguns líderes mundiais, mas não todos, participam das cúpulas climáticas da ONU. Em COPs anteriores, eles usaram seus discursos para anunciar novas políticas de corte de emissões de CO2 e financiamento, ou redobrar seu compromisso com os esforços globais para conter as mudanças climáticas.
A eleição dos EUA ocorre em uma data próxima à das negociações climáticas da ONU deste ano, em que quase 200 países tentarão chegar a um acordo sobre um grande aumento no financiamento global para cumprir as metas de redução de emissões de carbono.
Diplomatas do clima afirmam que uma vitória do candidato republicano Donald Trump —que retirou os EUA do Acordo de Paris durante seu primeiro mandato— pode dificultar um acordo na COP29 para um grande aumento no financiamento climático.
Para Li Shuo, especialista em diplomacia climática do Asia Society Policy Institute, o que os países levam para a COP29 em termos de ações para mobilizar mais financiamento importa mais do que os chefes de Estado comparecerem.
“O mais importante é a liderança. Os líderes devem sempre estar na COP. Porém, mais importante do que a presença deles são os compromissos reais que os países trazem para a mesa”, disse.
China, Japão, Austrália e México também estão ausentes da última agenda da ONU para os discursos dos líderes na COP29.
A UE será representada na cúpula pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e pelo chefe da política climática do bloco, Wopke Hoekstra.
A COP29, que deve ser encerrada em 22 de novembro, coincide com a cúpula do G20, no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19, onde os líderes também discutirão esforços para financiar a transição energética.