A executiva do COI (Comitê Olímpico Internacional) desaprovou “de forma unânime” nesta terça-feira (3) o pagamento de bônus financeiros pelas federações internacionais aos medalhistas olímpicos, como decidiu este ano a World Athletics, em nome da “equidade” entre atletas.
“Houve um amplo acordo sobre esta questão, eu diria até uma unanimidade”, explicou à imprensa o porta-voz do COI, Mark Adams, especificando que a questão dos bônus foi levantada pelos “representantes das federações internacionais e dos atletas”.
“O principal argumento é a equidade”, disse Adams.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, se “todos os medalhistas” tivessem se beneficiado de prêmios econômicos por suas federações internacionais, “cerca de mil atletas e equipes” teriam sido envolvidos, enquanto 65% deles vêm dos 15 primeiros comitês olímpicos no quadro de medalhas, “bem financiados e privilegiados”.
“A comissão executiva considerou que isso ia contra a missão do COI e poderia facilmente transformar os Jogos Olímpicos em um evento elitista”, concluiu o porta-voz.
Sem ter consultado ninguém, o presidente da World Athletics, Sebastian Coe, anunciou em abril sua intenção de pagar US$ 50 mil (R$ 303,5 mil) em prêmios aos medalhistas de ouro de suas respectivas modalidades nos Jogos de Paris, levantando críticas.
O presidente do COI, o alemão Thomas Bach, lembrou então a missão de “solidariedade” que envolve as federações internacionais. Estas “devem tratar todas as federações membros e todos os seus atletas na mesma base”, disse no final de abril à AFP.
Segundo Bach, cabe aos comitês olímpicos nacionais incentivar “o sucesso dos seus atletas que participam nos Jogos Olímpicos”, razão pela qual estes “distribuem prêmios há décadas”.
O desconforto com que a iniciativa de Coe foi recebida pode influenciar na campanha pela sucessão de Bach à presidência do COI, da qual o chefe da World Athletics é um dos candidatos. A eleição acontecerá entre 18 e 21 de março, na Grécia.
COI distribuirá R$ 41 bilhões pelo último ciclo olímpico
O COI também informou nesta terça que distribuirá US$ 6,8 bilhões (R$ 41,2 bilhões) referentes ao ciclo olímpico 2021-2024, um aumento de 12% em relação ao ciclo anterior.
“Apesar de uma situação econômica difícil, marcada pela pandemia de Covid-19 que levou ao adiamento por um ano dos Jogos de Tóquio-2020, finalmente realizados a portas fechadas, a organização aumentará em 45% seus subsídios em comparação ao período 2009-2012”, segundo Adams.
As receitas do COI, principalmente obtidas por direitos televisivos e seu programa de patrocinadores internacionais, são distribuídas em 90%, dedicando-se os 10% restantes ao funcionamento da organização com sede em Lausanne, segundo seus relatórios anuais.
A instituição olímpica financia as federações internacionais presentes nos Jogos de Verão e Inverno, além dos 206 comitês nacionais olímpicos. Também contribui com 50% no orçamento da Agência Mundial Antidoping (AMA) e participa na organização dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Olímpicos da Juventude.
Com vista a 2032, o COI já “assegurou receitas comerciais de US$ 13,5 milhões (R$ 82 milhões)”, segundo Mark Adams, sendo US$ 7,3 milhões (R$ 44,3 milhões) até os Jogos de Los Angeles-2028 e US$ 6,2 milhões (R$ 37,6 milhões) para o ciclo seguinte, que terminará com os Jogos de Brisbane-2032.
“Isso demonstra claramente que a marca olímpica está mais forte do que nunca e que o interesse comercial do COI não para de crescer”, afirmou o porta-voz.
Esses números significam também que o próximo presidente do COI iniciará seu mandato com uma situação financeira próspera.
O vencedor da eleição entre sete candidatos (um recorde na história olímpica) sucederá em junho de 2025 a Thomas Bach, que dirige o COI desde 2013 e não podia se candidatar novamente.