A nave espacial chinesa Shenzhou-19 pousou no norte do país nesta quarta-feira (30), segundo a emissora estatal CCTV, após um atraso de um dia devido às condições climáticas no local de pouso.
A nave espacial e seus três tripulantes foram enviados ao espaço em outubro do ano passado para trabalhar na estação espacial Tiangong da China.
A missão teve alguns elementos particulares. Os taikonautas Cai Xuzhe e Song Lingdong, em dezembro do ano passado, tornaram-se os humanos a permanecer mais tempo em uma caminhada espacial: 9 horas.
O recorde anterior, apenas 4 minutos inferior, pertencia aos astronautas Nasa James Voss e Susan Helms.
Além disso, fazia parte da Shenzhou-19 a única engenheira espacial da China, Wang Haoze, que também é a terceira mulher chinesa em uma missão espacial.
Os voos tripulados Shenzhou têm sido uma característica regular do programa espacial do país nas últimas duas décadas e aumentaram em frequência nos últimos anos, depois que a China oficialmente completou a Tiangong em novembro de 2022.
O rápido desenvolvimento do programa espacial tripulado e não tripulado da China alarmou os Estados Unidos, que têm enfrentado problemas com seus próprios voos espaciais tripulados.
A China tem como objetivo realizar um pouso tripulado na Lua até 2030.
Toda a tripulação da Shenzhou-19 faz parte da força aérea militar chinesa e realizou experimentos no tempo em que ficou no espaço, alguns relacionados à construção de habitats humanos.
Um desses experimentos envolveria a exposição de tijolos feitos de solo lunar simulado às condições do espaço.
Se os testes forem bem-sucedidos, os tijolos poderiam ser um material-chave usado na construção de uma estação de pesquisa lunar permanente, que a China espera concluir até 2035.
As missões Shenzhou envolvem trios de astronautas e estadias de seis meses no espaço, com um período de sobreposição de vários dias em que a tripulação que parte entrega a estação ao grupo recém-chegado.
Shenzhou-20
Por isso mesmo, a Shenzhou-20 partiu da Terra no último dia 24, com o taikonautas Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie.
A missão levou consigo peixes-zebra, planárias e estreptomicetos como objetos de pesquisa para realizar três experimentos de ciências da vida na estação espacial chinesa.
A tripulação tem retorno previsto à Terra no final de outubro e deve ser reabastecida através da nave de carga não tripulada Tianzhou-9.
Enquanto isso, os próximos grupos de taikonautas do país estão atualmente em seleção e treinamento. Pela primeira vez, devem começar a participar de missões pessoas das regiões administrativas especiais da China, Hong Kong e Macau, além do Paquistão.
Os de Hong Kong e Macau provavelmente realizarão sua primeira missão já em 2026, segundo a mídia estatal. A China informou que a seleção dos paquistaneses que irão ao espaço está em andamento. Ambos os países assinaram um acordo de cooperação espacial em fevereiro.
Um dos dois paquistaneses que se juntarão às missões chinesas se concentrará em cargas úteis e pesquisas científicas a bordo da estação espacial chinesa.
Amjad Ali, diretor-geral adjunto da agência espacial nacional do Paquistão, disse à Reuters, durante uma conferência em Xangai, que no próximo mês, uma lista de cinco a dez pessoas seria selecionada pelo lado paquistanês para que a China então escolhesse dois candidatos.
A dupla passará, então, por um período de treinamento na China com duração de seis meses a um ano, com um eventualmente sendo enviado ao espaço já em outubro do próximo ano, enquanto o outro atuará como reserva, disse Ali.