Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) – O presidente-executivo da Ecorodovias (BVMF:), Marcello Guidotti, disse nesta quinta-feira que a oferta da companhia pela concessão de 92 quilômetros de rodovias no Estado de São Paulo não pressionará muito a dívida do grupo, após as ações da empresa despencarem na esteira da disputa.
A empresa venceu mais cedo leilão para administrar por 30 anos trechos de rodovias reunidas no projeto “Nova Raposo”, atualmente sob gestão da Via Oeste, com uma oferta de outorga fixa de 2,19 bilhões de reais, ágio de 47.117,67% sobre o valor mínimo da outorga de 4,6 milhões de reais.
“É um ativo que gera muito caixa, então é muito financiável, não vai pressionar muito a dívida do grupo Ecorodovias”, afirmou Guidotti em coletiva de imprensa após o certame, que contou ainda com a participação de CCR (BVMF:), EPR e Via Appia.
O lote Nova Raposo inclui algumas das principais vias de acesso à região metropolitana de São Paulo, incluindo a capital e os municípios de Araçariguama, Barueri, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Santana de Parnaíba, Itapecerica da Serra e Embu das Artes. A concessão abrange os trechos urbanos das rodovias Castello Branco e Raposo Tavares.
O CEO destacou que o ciclo de obras na concessão, que prevê investimentos de cerca de 8 bilhões de reais ao longo do contrato, será mais intenso nos anos de 2028, 2029 e 2030, momento em que o ciclo de obras previstas da Ecorodovias já começará a “arrefecer”.
“Então acho é um perfil que se encaixa bastante com o perfil do capex da Ecorodovias”, afirmou o executivo. O projeto prevê obras de aumento de capacidade e melhorias do sistema rodoviário, incluindo faixas adicionais, duplicações, vias marginais e ciclovias, entre outras.
Guidotti acrescentou que a agenda de leilões pela frente é extensa e que a empresa vai continuar sendo seletiva “como foi nos últimos dois anos”. “A gente vai aguardar outra nova oportunidade, da mesma qualidade desse ativo”, afirmou.
Questionado sobre a reação do mercado em relação ao resultado do leilão, o executivo relembrou o arremate pela empresa das rodovias do Lote Noroeste. “Foi a mesma reação do mercado, e é um ativo que está indo muito bem, performando muito bem”, disse.
As ações da empresa fecharam em queda de 19,79% nesta quinta-feira, a 5,35 reais cada, na mínima da sessão.
O CEO também justificou a queda com o sentimento mais amargo do mercado no dia, após frustração com o pacote fiscal anunciado pelo governo federal na noite da véspera, e disse que “não é só via leilões” que a empresa pode crescer.
O contrato de concessão da Nova Raposo inclui mecanismos de mitigação de riscos, entre eles o compartilhamento do risco de demanda, inferior a 98% ou superior a 108% da demanda estimada; compensação da inadimplência para 95% das perdas de evasões de pedágio; compensação de até 95% dos custos acima do previsto para a realização de desapropriações e desocupações na SP-270; e reequilíbrio para eventuais investimentos de ampliação de capacidade necessários para a manutenção do nível de serviço da rodovia, disse a Ecorodovias, posteriormente, em fato relevante.