Em seu curso sobre o potencial do cérebro na CasaFolha, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel diz logo de cara que, entre os temas que vai discutir, está “o que é inteligência, o que a gente pode fazer a respeito, se a gente pode se tornar mais inteligente —e já vou adiantando que a gente pode, sim”.
A explicação curta envolve uma definição de inteligência —flexibilidade de comportamento para agir conforme o que você deseja para você mesmo no futuro— e o esforço de sempre ampliar as oportunidades para manter esse comportamento flexível.
A explicação longa envolve lições didáticas sobre o funcionamento do cérebro e sobre o que a neurociência sabe a respeito do processo de aprendizado. Todas as aulas sobre o tema estão disponíveis desde outubro do ano passado no site casafolhasp.com.br.
Bióloga formada na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e atualmente vinculada à Universidade Vanderbilt, nos EUA, Suzana Herculano-Houzel é uma das cientistas mais importantes do mundo. Suas pesquisas sobre número de neurônios no cérebro revolucionaram o conhecimento nessa área.
Para assistir às lições de Suzana, é preciso ser membro da CasaFolha, uma plataforma com cursos exclusivos lançada pela Folha. O streaming reúne grandes personalidades de diferentes áreas, como o cineasta José Padilha, o ex-ministro Pedro Malan, a chef Helena Rizzo e a Monja Coen.
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Já são 22 cursos disponíveis, e novos conteúdos são incluídos todos os meses. No último dia 15, teve a estreia do médico Paulo Hoff, que fala sobre prevenção do câncer. No dia 22, haverá uma aula ao vivo com Bruno Gualano, professor da USP, para tirar dúvidas sobre whey, creatina e Ozempic, entre outros. No dia 29, será a vez de Ruy Castro, com curso sobre escrita de não ficção.
Nas aulas de Suzana, ela explica que o setor do cérebro responsável pelo que chamamos de inteligência é o córtex. As partes que de fato cuidam do corpo de um vertebrado são outras, mas elas enviam para o córtex uma cópia dos sinais que recebem durante sua operação.
“O córtex cerebral gera para o cérebro uma oportunidade de formar associações novas. De associar aquele movimento que você fez com o resultado que teve de a luz acender, por exemplo”, explica Suzana, que é colunista da Folha.
E mais: o córtex também tem a capacidade de guardar registros dessas associações —formar memórias— e de evocar esses registros como simulações sobre o futuro.
“É essa capacidade de fazer simulações internas de futuros possíveis que é, para mim, a essência da inteligência”, diz Suzana. “A minha definição operacional de inteligência é flexibilidade comportamental.”
Dito de outra forma: “inteligência é mais do que adaptação ao passado. Inteligência é flexibilidade de você agir também conforme o que você deseja para você mesmo no futuro”.
Mas, como ela explica no curso, essa é uma capacidade. Para se transformar em habilidade, precisa de aprendizado —assim como a habilidade de falar só se desenvolve após um processo de aprendizagem, embora a capacidade já exista no ser humano.
E, de acordo com a neurocientista, assim como acontece com qualquer outra habilidade, é possível aprender a se tornar mais flexível.
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