A cantilena da liga política formada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo governo Lula sobre a defesa da democracia, em evento dois anos após o 8 de janeiro, foi alvo de zombaria nas redes sociais nesta quarta-feira (8).
Enquanto a elite do poder estatal usava o evento “Abraço à democracia” para tentar mais uma vez emplacar a narrativa de que a ordem democrática no Brasil foi salva por suas ações, usuários nas redes sociais destacavam a falta de adesão do povo a um evento sobre democracia e recordavam os recentes abraços a ditadores do presidente Lula.
“Nem a democracia foi na própria festa…”, afirmou no X o antropólogo Flávio Gordon, colunista da Gazeta do Povo. “Um bando de tipos esquisitões e de má fama organizou uma festa para a democracia, na qual ela seria abraçada coletivamente. Pressentindo o abraço-de-urso, a democracia não apareceu. Preferiu ficar em casa vendo Netflix”, disse Gordon em outra postagem.
Diversas postagens classificavam o evento organizado pela liga STF-Lula com termos como “presepada” e mostravam com fotos a falta de adesão popular do evento.
“É a ‘democracia’ sem povo do regime brasileiro”, disse o empresário Leandro Ruschel. “Pelo visto são poucos aqueles que acreditam que a democracia tupiniquense precisa ser salva… FLOPOU”, comentou a influenciadora Barbara Destefani, do canal Te Atualizei. “Pessoal, não postem imagens do fiasco de hoje no planalto, a esquerda não quer. Repito: a esquerda não quer que divulguem as imagens patéticas de hoje”, ironizou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
“Ninguém acredita nesse circo”, postou em uma imagem no Instagram o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), com o comentário: “A narrativa não cola. Só participam desse teatro os defensores da ditadura, querendo dizimar a oposição.”
Popular no X, o usuário Rafael Gloves postou: “Narrativa não colou. Estão tentando escrever uma história de ‘salvamos a democracia’, mas a realidade é que ninguém acredita que houve tentativa de golpe. Não foi ninguém – mesmo mandando chamar a pelegada”.
Nas redes sociais, nem a própria esquerda comprou a cantilena do “Abraço à democracia”: poucas foram as manifestações orgânicas de apoio ao evento, e até formadores de opinião alinhados com o governo Lula reconheceram a falta de adesão popular como um problema.
Segundo uma estimativa do site Poder360 com base em fotos panorâmicas, cerca de 1.200 pessoas estiveram presentes no “Abraço à democracia”.
Cantilena perde a credibilidade diante de abusos do STF e relativização da democracia por Lula
Nas redes sociais, o paradoxo foi destacado por diversas personalidades. O ex-procurador Deltan Dallagnol postou um vídeo da fala de Lula sobre ser um “amante da democracia” e ironizou: “Lula diz no vídeo: ‘Sou amante da democracia, não marido.’ Essa frase diz muito. No fundo, ele não tem um compromisso real com a democracia. Assim como com as amantes, o que há é uma relação de conveniência. Isso explica por que ele admira tanto autoritários como Maduro e Ortega. A democracia para ele não é um valor, é só conveniência, é um meio para exercer o poder e impor suas visões de mundo. Pela mesma razão, o governo Lula é amante da censura.”
Vários perfis postaram fotos de Lula abraçado com ditadores, em referência irônica ao nome do evento “Abraço à democracia”.
Em uma postagem com milhares de curtidas, a página do X Democracia Viva incluiu uma foto em homenagem a Cleriston da Cunha, o “Clezão”, com a legenda: “Em memória de nosso mártir Clezão, que morreu por culpa do STF”.
O senador Eduardo Girão chamou o evento desta quarta de “teatro do absurdo” e lembrou os abusos contra Débora Rodrigues, mãe de dois filhos pequenos que está presa há dois anos mesmo sem ter invadido nenhum prédio público quando participou das manifestações do 8 de janeiro. “O teatro do absurdo ainda une governo Lula e STF para perseguir e calar críticos. Basta de injustiça”, afirmou.