Na coluna anterior, escrevi que no futebol moderno é necessário, ao mesmo tempo, correr e pensar. Evidentemente, é preciso saber o momento de correr para a frente, de pressionar, de chegar ao gol, e o de correr para trás, recuar e fechar os espaços na defesa. Assim é na vida. Tudo tem o seu tempo certo, de agir e de refletir, transpirar e inspirar, acelerar e cadenciar.
O Botafogo, dos times brasileiros, é o melhor, o mais compacto, intenso, que sabe o momento de pressionar e de atacar e defender em bloco. Assemelha-se às melhores equipes europeias.
É o time brasileiro que, recentemente, fez as melhores contratações na relação custo-benefício. Será que John Textor, dono da SAF, entende muito de futebol ou possui uma excelente equipe de olheiros?
O Botafogo é elogiado por atuar com quatro atacantes: Igor Jesus, Luiz Henrique, Almada e Savarino. Não são quatro atacantes na prancheta. São quatro que estão sempre perto do gol. Quem ataca é atacante. O time que atua com quatro no ataque, distantes dos dois do meio-campo, que estão longe dos quatro defensores, como vários times brasileiros e até a seleção, tendem a ser ineficientes.
Se não quiser ser eliminado nas quartas de final da Copa de 2026, Dorival Júnior terá de organizar o time taticamente para enfrentar fortes seleções. Ganhar do Chile e do Peru é fácil.
Não há mais sentido em analisar a estratégia de um time pelo desenho tático na prancheta, pois os jogadores não param de correr, ocupando várias posições e funções em campo.
Na vitória do Flamengo por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, o time carioca avançava em bloco na maior parte do tempo para pressionar e recuperar a bola, enquanto o Cruzeiro priorizava o recuo para tentar fechar os espaços na defesa. O Cruzeiro não parece um time dirigido por Fernando Diniz, pois não tenta nem sair da defesa para o ataque trocando passes.
Filipe Luís, que inicia a carreira de treinador, já demonstra, como disse o brilhante comentarista Carlos Eduardo Mansur, do SporTV, capacidade de mudar as estratégias durante as partidas de acordo com o momento e o adversário, uma grande dificuldade da maioria dos treinadores, acostumados a repetir o que foi planejado e ensaiado.
Ele segue o modelo de Artur Jorge, técnico do Botafogo, que dirige o segundo time da sua carreira, já que tinha sido técnico apenas do Braga, de Portugal, por duas temporadas. Os jovens, estudiosos, perfeccionistas, são a esperança no futebol e em qualquer atividade, apesar da epidemia de idiotices que assola o mundo.
Neste domingo (10), Atlético-MG e Flamengo decidem o título da Copa do Brasil. Será que Filipe Luís, por ter a vantagem de dois gols, vai manter a maneira de jogar, pressionando em bloco para recuperar a bola, ou vai recuar a marcação, atrair o Galo para contra-atacar? Será que o Atlético-MG, em casa, vai tentar sufocar o Flamengo desde o início, como quer o torcedor, mesmo correndo o risco de deixar muitos espaços na defesa?
Podemos prever e entender as estratégias dos treinadores, conhecer as características técnicas e físicas dos jogadores, mas não podemos antever os detalhes, as emoções e as decisões circunstanciais dos atletas. Cada jogo tem a sua história.
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