Terminou nesta quarta-feira (11) o sonho do Botafogo de chegar à conquista do inédito título mundial. Em sua estreia na Copa Intercontinental, o time da estrela solitária acabou superado pelo Pachuca, do México, por 3 a 0, em Doha, no Qatar, e deu adeus à competição logo na fase de quartas de final.
Esta é a primeira edição em que o campeão da Libertadores entra no torneio duas fases antes da decisão. Até 2023, tanto o vencedor da europeia Champions League como o ganhador da principal competição de clubes da América do Sul entravam na semifinal.
Além de tornar mais difícil a jornada de times sul-americanos, a mudança promovida pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) colocou o campeão europeu direto na final.
No formato antigo, a pior campanha de um sul-americano na competição foi a do Palmeiras, em 2021, ano em que o time alviverde acabou com o quarto lugar.
Os outros cinco times sul-americanos que também foram derrotados nas semifinais do Mundial —Internacional (2010), Atlético-MG (2013), Atlético Nacional-COL (2016) e River Plate-ARG (2018) e Flamengo (2022)— ao menos voltaram para casa com uma vitória na bagagem, na disputa pelo terceiro lugar.
Classificado, o time mexicano vai enfrentar o Al Ahly, do Egito, no sábado (12), às 14h (de Brasília), no último duelo antes da decisão, fase para qual o Real Madrid, como representante europeu, classificou-se diretamente.
O time da estrela solitária lutava para dar fim ao longo jejum dos times sul-americanos. Desde 2012, quando o Corinthians conquistou seu bicampeonato mundial ao derrotar o Chelsea na decisão, apenas as equipes europeias ficaram com o troféu.
Na última edição, disputada em 2023, o Fluminense acabou goleado na decisão pelo Manchester City por 4 a 0, também em Doha, no Qatar.
O Botafogo sonhava em coroar sua temporada com uma tríplice coroa, repetindo o feito do Santos de Pelé —em 1962 e 1963, a equipe do litoral paulista colocou em sua galeria troféus nacionais, continentais e mundiais. Na ocasião, além da Libertadores, faturou a Taça Brasil —equiparada pela CBF ao Campeonato Brasileiro em 2010— e a antiga Copa Intercontinental, contra o campeão europeu.
Nos atuais formatos das competições, nenhum time brasileiro conseguiu esse feito. O Flamengo foi o que mais se aproximou, mas foi superado pelo Liverpool na final do Mundial de Clubes de 2019 após ter ganhado o Nacional e a Libertadores.
Para aumentar suas chances na Copa Intercontinental, o Botafogo montou um planejamento para ter os seus principais jogadores em plenas condições em uma possível decisão. A ideia era minimizar o impacto da maratona de jogos que o time tem enfrentado desde a conquista da Copa Libertadores, no dia 30 de novembro, com um jogador a menos diante do Atlético-MG desde o início do confronto.
Com a estreia na Copa Intercontinental apenas três dias depois da conquista do Campeonato Brasileiro, o Botafogo foi a campo com alguns desfalques. Além de Vitinho e Bastos, ausentes por lesão, o técnico Artur Jorge optou por poupar Alex Telles, Marlon Freitas, Savarino e Almada.
As baixas impactaram a capacidade criativa do time, que não criou nenhuma grande chance na primeira etapa. O Pachuca, sobretudo com chutes de fora da área, deu mais trabalho ao goleiro John, mas nenhum dos dois times balançou a rede antes do intervalo.
Na etapa final, o português Artur Jorge se viu obrigado a mexer no time. Isso porque, logo aos quatro minutos, Idrissi abriu o placar para o Pachuca. Nascido na Holanda, mas naturalizado marroquino, o camisa 11 fez fila na defesa botafoguense, deixou dois caídos e finalizou por baixo.
O treinador do time brasileiro continuou tentando ajustar sua equipe com novas mudanças, mas, antes que qualquer troca pudesse fazer efeito, a equipe mexicana chegou ao segundo gol. Depois de uma bobeada de Almada, a bola sobrou para Pedraza servir Deossa, que contou com falha de John para ampliar o marcador.
Diante da desvantagem, o Botafogo não teve outra alternativa a não ser se lançar ao ataque, mesmo que isso significasse deixar mais espaços na defesa. Foi assim que o atacante Rondón, titular da seleção da Venezuela, fechou a conta, em contra-ataque, aos 33 minutos.
O 3 a 0 para o Pachuca representa maior derrota de um time brasileiro no torneio diante de uma equipe não europeia. A pior marca era do Internacional, com um 2 a 0 para o Mazembe em 2010, e do Atlético Mineiro em 2013, que perdeu para o Raja Casablanca por 3 a 1.
Outros dois brasileiros caíram antes da final, o Palmeiras, em 2022, após 1 a 0 para o Tigres, e o Flamengo, que sofreu um 3 a 2 para o Al Hilal na edição de 2022.
Com o placar elástico, Artur Jorge evitou culpar o cansaço dos jogadores pela fraca atuação diante dos mexicanos.
“Eu não vou procurar arranjar desculpa nenhuma por aquilo que nós não conseguimos fazer. O Pachuca foi melhor do que nós, foi mais eficaz, foi mais capaz na segunda parte, portanto nada a dizer em relação a tudo aquilo que é o contexto”, disse o treinador.
Ainda no gramado, o português fez questão de exaltar o ano glorioso que o time teve. “O resultado não foi aquele que nós queríamos, mas nada apaga aquilo que de muito bom nós fizemos no ano. Hoje não foi um jogo bom de nossa parte.”