O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um pronunciamento durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) realizada nesta quarta-feira (4) na Argentina. O ex-mandatário voltou a dizer que é alvo de perseguição, criticou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e acusou a esquerda de ter uma “sina de poder absoluto”.
“Vivemos um momento bastante conturbado, onde a lei e a Constituição não existem. Cada vez mais a esquerda se aprofunda na sina de conseguir o poder absoluto. Não é só governo federal, a grande ponta de lança são os inquéritos patrocinados pelo ministro Alexandre de Moraes”, afirmou Bolsonaro, que participou do evento por videoconferência.
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente e outras pessoas no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo as investigações, o plano incluía o assassinado do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro. “Temos um juiz na Suprema Corte que não observa o devido processo legal. Ele é o juiz, interpreta, julga, é promotor, ele é tudo. E é vítima também”, disse Bolsonaro.
Moraes é o relator de diversos inquéritos que envolvem o ex-mandatário. Bolsonaro afirmou que não sabe ainda se poderá comparecer à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pois está com o passaporte retido por ordem do ministro.
“Eu estou com meu passaporte retido e devo ser convidado para a posse do Trump, logicamente seria motivo de orgulho. Dependemos desse juiz, Alexandre de Moraes, para ter a autorização para que eu possa comparecer ao evento do Trump”, disse.
Bolsonaro agradece Milei pelo “acolhimento” a “refugiados” do 8/1
Durante o discurso, o ex-presidente agradeceu “de coração” ao presidente argentino, Javier Milei, pelo “acolhimento” dos brasileiros investigados e condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 que fugiram para a Argentina. Bolsonaro se referiu a eles como “refugiados” e disse que está trabalhando pela aprovação do projeto de lei da anistia.
“Temos pessoas presas, penas altíssimas e muitos estão refugiados na Argentina… Então te agradeço de coração pelo acolhimento a essas pessoas. São chefes de família, homens, mulheres, mães, pais, avós, idosos, que estão no seu país. A dor deles é muito grande”, afirmou.
No mês passado, a Justiça da Argentina emitiu mandados de prisão contra 61 foragidos do 8 de janeiro. Para Bolsonaro, a vitória de Trump pode influenciar na anistia aos envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Ele acredita que o republicano deve anistiar as pessoas que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
“Há poucos dias, Trump criticou a anistia do filho de [Joe] Biden e complementou: ‘Como fica a anistia do pessoal de 6 de janeiro, do Capitólio? Um sinal claro de que o Trump, nos primeiros dias, vai conceder anistia a todos os que participaram do ato no Capitólio. É um recado para o Brasil, semelhante ao que aconteceu aqui em em 8 de janeiro, que não foi planejado pela direita, mas sim pela esquerda, para dar esse desfecho”, disse o ex-mandatário.