Meteoritos têm bombardeado a Terra desde o nascimento dela, há 4,5 bilhões de anos. Mas de onde exatamente vêm essas rochas?
Ao estudarem a composição de meteoritos que caíram no planeta ao longo dos anos e os asteroides que povoam o Sistema Solar, astrônomos concluíram que cerca de 70% dos impactos de meteoritos conhecidos vieram de apenas três grupos de asteroides que residem no cinturão principal, entre Marte e Júpiter.
Em três estudos diferentes, publicados entre os dias 13 e 16 deste mês, pesquisadores conseguiram explicar as origens da maioria dos dezenas de milhares de meteoritos conhecidos que atingiram a Terra.
Como parte da pesquisa, os astrônomos realizaram simulações numéricas que lhes permitiram modelar a formação e evolução de famílias de asteroides orbitando o Sol no cinturão principal.
“É um grupo de asteroides que têm órbitas semelhantes porque foram fragmentos criados durante uma colisão entre dois asteroides”, disse o astrônomo Miroslav Brož, da Universidade Charles em Praga, autor principal de dois dos estudos, publicados nas revistas Nature e Astronomy and Astrophysics.
Colisões no cinturão principal resultam em fragmentos rochosos voando aleatoriamente pelo espaço, com alguns deles às vezes atingindo a Terra.
“Embora mais de 70 mil meteoritos sejam conhecidos, apenas 6% foram claramente identificados por sua composição como provenientes da Lua, Marte ou Vesta, um dos maiores asteroides no cinturão principal. A origem dos outros meteoritos havia permanecido não identificada”, afirmou o astrônomo Michaël Marsset, do Observatório Europeu do Sul no Chile, autor principal de 1 dos 2 estudos publicados na revista Nature.
A família de asteroides Massalia, com aproximadamente 40 milhões de anos, representa uma classe de meteoritos chamada condritos L e correspondem a 37% dos meteoritos terrestres conhecidos.
As famílias Karin e Koronis, com 5,8 milhões de anos e 7,6 milhões de anos, respectivamente, representam uma classe de meteoritos chamada condritos H, que são 33% dos meteoritos terrestres conhecidos.
Outros 8% foram rastreados até as famílias Flora e Nysa, no cinturão principal. E cerca de 6% dos meteoritos estão associados a Vesta. Pesquisas anteriores descobriram que menos de 1% dos meteoritos vieram de Marte e da Lua.
Os pesquisadores ainda estão explorando a fonte dos aproximadamente 15% restantes dos meteoritos terrestres conhecidos.
A nova pesquisa não analisou a fonte do meteorito que atingiu a Terra há 66 milhões de anos, levando à extinção dos dinossauros —com exceção de seus descendentes, as aves. Outro estudo, publicado em agosto, descobriu que esse objeto se formou além de Júpiter e provavelmente migrou para se tornar parte do cinturão principal antes de ser lançado em direção à Terra, talvez devido a uma colisão.
Como o impacto que causou o fim dos dinossauros mostrou, um grande asteroide pode representar uma ameaça mortal à vida na Terra. Em 2022, a espaçonave Dart, da Nasa, colidiu com o asteroide Dimorfos em uma missão de defesa planetária, mostrando a capacidade dos humanos de alterar a trajetória de um objeto celeste o suficiente para manter o planeta seguro.
Alguns dos meteoritos que caíram na Terra podem fornecer pistas sobre a história inicial do Sistema Solar. Eles são restos primordiais de um tempo anterior à formação de planetas.
“Os condritos são meteoritos primitivos que preservaram principalmente sua composição original desde sua formação em nosso disco protoplanetário”, disse Marsset.