Os organizadores da COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em curso em Baku, no Azerbaijão, tentaram bloquear o uso do domínio “cop29.com” para evitar o ataque de ativistas a empresas petroleiras. A iniciativa deu-se depois de o país-sede ter perdido uma batalha com uma companhia indiana fabricante de utensílios de cozinha de cobre chamada Cop29.
O grupo ativista Global Witness informou ter adquirido os direitos na internet da empresa indiana no início deste ano, apesar da oferta dos organizadores de cobrir o preço.
O número 29 representa o total de conferências climáticas das Nações Unidas que ocorreram desde 1995, três anos depois da assinatura da Convenção-Quadro sobre Mudança Climática no Rio de Janeiro. Também é o número atômico do cobre (copper, em inglês).
O gerente de marketing da empresa Cop29 afirmou, de sua residência perto de Nova Délhi, que tinha vendido os direitos para a Global Witness devido a suas preocupações com as mudanças climáticas.
A poluição tóxica em Nova Délhi, causada em larga medida pela queima de restos de colheitas, chegou a um ponto tão ruim que o governo declarou emergência médica e fechou escolas e universidades da capital na semana passada.
“Está afetando meus órgãos, minha saúde, minha mente”, disse o executivo, que pediu para não ter seu nome citado.
O site “cop29.com” foi bloqueado “conforme as políticas da COP29” e não está acessível em Baku. Nele, o Global Witness faz um chamado para a indústria de combustíveis fósseis fazer reparações às vítimas de desastres relacionados à mudança do clima.
Uma pessoa próxima aos organizadores da COP29 afirmou que eles estavam cientes da propriedade do domínio na internet pela fabricante de itens de cozinha. Mas não comentou sobre nenhuma oferta de pagamento nem sobre o bloqueio do site.
Protestos
Ativistas realizaram protestos dentro do estádio olímpico que sedia a COP29, um espaço que é considerado como território das Nações Unidas enquanto a conferência está em andamento. Mas as manifestações do lado de fora foram restringidas por causa das regras do Azerbaijão sobre dissidência.
Depois da partida dos líderes mundiais, nos dois primeiros dias da conferência, quando os protestos eram mais restritos, as manifestações tornaram-se comuns na “zona azul”, área ocupada pelos negociadores e participantes oficiais.
No Dia da Ação Climática, no final de semana passado, ativistas formaram uma cadeia humana em torno da principal sala de negociação, levantando bandeiras e cantarolando em protesto.
Os organizadores da COP29 afirmaram que os manifestantes “podiam ter suas vozes ouvidas, em linha com o código de conduta da Convenção Quadro de 1992 e com as leis do Azerbaijão, de maneira segura e sem interferência. O código de conduta não permite especificar países, pessoas e empresas.
Pacífica, a maioria dos protestos deu-se sem incidentes. Mas no final da primeira semana da conferência, manifestantes foram forçados a deixar uma área pública, conhecida como área verde. O grupo foi acusado de atuar fora das diretrizes e de violar o código de conduta sobre engajamento”, segundo a mídia oficial.