Dois aviões T-27 Tucano, da FAB (Força Aérea Brasileira), colidiram no ar durante um treinamento nesta sexta-feira (1º) em Pirassununga (cerca de 210 km da capital paulista), onde fica a AFA (Academia de Força Aérea).
Um dos aviões caiu na zona rural da cidade. O piloto, de acordo com a FAB, conseguiu se ejetar e foi resgatado com segurança por militares da Aeronáutica. Seu estado de saúde não foi divulgado. A aeronave teria sido direcionada para uma região desabitada antes da queda.
O outro avião, também de acordo com nota da Força Aérea, conseguiu pousar na própria AFA.
Imagens compartilhadas em redes sociais e publicadas pelo site Aeroin mostram fumaça no chão de terra e o piloto no ar, de paraquedas, rodeado por dois helicópteros.
O vídeo ainda registra o T-27 de cor laranja todo destruído no solo, às margens de uma rodovia, com fogo na parte dianteira. Pedaços do avião ficaram espalhados pelo local.
Conforme a FAB, os cadetes colidiram durante voo de instrução.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) diz que investigará o acidente a fim de identificar os possíveis fatores que contribuíram para a queda.
Questionada sobre as avarias no T-27 que pousou, a Aeronáutica não respondeu.
Fabricado pela Embraer, esse modelo de avião é usado pela FAB desde o início da década de 1980. Ele nasceu para substituir o Cesna T-37 nos treinamentos da AFA. O Tucano AT-27 tem configuração com armamento.
Todos os T-27 destinados ao 1º EIA (1º Esquadrão de Instrução Aérea), informa a Força, saíam de fábrica com uma pintura branca com faixas laranja e matrícula pintada na fuselagem.
Em seu site, a FAB afirma contar com mais de 130 dessas aeronaves e que sua principal base fica em Pirassununga. O T-27 já foi usado em manobras radicais pela Esquadrilha da Fumaça.
Com 9,86 metros de comprimento e 11,14 metros de envergadura, ele alcança velocidade máxima de 528 km/h e pode alcançar teto de quase 10 mil metros.
Há cerca de um ano, uma tempestade, com fortes ventos, destruiu hangares da AFA e ao menos 11 aviões acabaram atingidos pelas estruturas de ferro. Ninguém ficou ferido.
Segundo a FAB, o temporal atingiu uma linha de hangares que abrigavam as aeronaves T-27 Tucano. Foram causados estragos substanciais em três delas e danos leves em outras oito.
ACIDENTE NA GRANDE NATAL
O acidente desta sexta-feira com os T-27 é o segundo com aviões da Força Aérea em pouco mais de uma semana. No dia 22 de outubro, um caça Northrop F-5 Tiger II caiu em Parnamirim, na Grande Natal, no Rio Grande do Norte.
A aeronave de matrícula FAB 4866 participava dos preparativos para a Operação Cruzeiro do Sul, a Cruzex, maior exercício aéreo de guerra da América Latina e que receberá aeronaves e pilotos de vários países entre este domingo (3) e o próximo dia 15.
O caça teve problemas nos motores logo após a decolagem, e labaredas foram vistas saindo da aeronave. O piloto conseguiu se ejetar antes de o caça colidir com o solo, gerando uma grande explosão e fumaça.
O militar foi socorrido com segurança. Por duas vezes a Folha pediu à Aeronáutica entrevista com o oficial que pilotava o caça, mas a FAB não respondeu nenhum dos pedidos.
De acordo com a Aeronáutica, antes de realizar com sucesso o procedimento de ejeção da aeronave, o piloto a direcionou para uma região desabitada, sendo resgatado por equipe de salvamento da Força Aérea.
De fabricação norte-americana, em 30 de dezembro de 1973 a FAB adquiriu 79 caças Northrop F-5 em três lotes, a partir de um contrato avaliado na época em US$ 115 milhões (cerca de R$ 655,2 milhões no câmbio de hoje), segundo publicação no site da Força.
O primeiro lote foi recebido em 1975, com 42 aeronaves. Até a semana passada havia cerca de 50 aviões desse tipo no inventário da FAB.
Os F5 passaram a ser modernizados pela Embraer em 2005. O último reformado foi entregue em 2020, um ano antes da chegada dos quatro primeiros exemplares dos suecos F-39 Gripen —em 2014 foram comprados 36 deles, que estão sendo entregues periodicamente para modernizar a frota.