Atelier Yumia é decididamente uma nova era para a série, mais dinâmico, mais ambicioso, com a capacidade para atrair novos jogadores sem perder o que os veteranos gostam. O sistema de combate é muito divertido, o enredo interessante e os pequenos problemas não prejudicam a experiência geral.
Atelier Yumia mostra a Gust à procura de entrar numa nova era da franquia, embalada pela subida de popularidade alcançada com os jogos da trilogia de Ryza, carismática protagonista que atraiu imensos novos fãs. No entanto, muito do que torna Atelier Yumia num dos melhores esforços da Gust, talvez mesmo o melhor, não é apenas o refinar de ideias já implementadas, mas sim da mesma filosofia que está a recompensar outras grandes casas japonesas, a simplificação.
Longe vão os tempos nos quais os JRPGs se esforçavam para prender os jogadores durante muito tempo nos menus, as eras nas quais os jogadores tinham de investir imensas horas só para aprender mecânicas, quanto mais dominá-las. Durante várias décadas, as casas japonesas apostavam na complexidade da experiência para transmitir ao jogador a sensação de profundidade na jogabilidade. Muito tempo passado em menus a aprender como usar recursos, delinear estratégias ou gerir personagens, tanto ou mais do que a explorar os cenários ou combater.
Recentemente, várias casas japonesas perceberam que essa filosofia funcionava no passado, quando existia menos lançamentos, com mais tempo entre os jogadores hardcore para jogar. No entanto, tal complexidade e profundidade (especialmente se for artificial) pode afastar novos jogadores, algo muito importante numa era de projetos mais caros, o que está a forçar as produtoras japonesas a um maior engenho do que nunca. A missão é simplificar sem comprometer a essência da série, um delicado equilíbrio que a Gust consegue com sucesso.
Narrativa interessante com um bom elenco
Um dos elementos nos quais a Gust mostrou maior evolução foi na narrativa e no aprofundar do tratamento dos personagens. Ryza foi além do habitual enredo de uma alquimista ao apostar em maiores mistérios e na sua relação com os seus amigos. É fácil perceber que Atelier Yumia é fortemente inspirado por essa melhoria na qualidade do trabalho da Gust, o que beneficia imenso a nossa experiência. Tens aqui uma protagonista mais velha e um enredo com dramas mais adultos.
Yumia Liessfeldt é uma alquimista numa era na qual a alquimia é proibida, na qual ninguém sabe praticar a arte. Ela não é bem vista pelas outras pessoas, mas é na mesma recrutada pela Aladiss Research Team para investigar ruínas de um antigo império. O objetivo desta equipa é descobrir o que se passou no mundo e tentar encontrar formas de melhorar as condições de vida dos humanos.
Para Yumia, é uma oportunidade para explorar a região onde vive, sem saber que eventualmente chegará a outras regiões onde os humanos não entram há centenas de anos. Outra das grandesm otivações é tentar descobrir o que se passou com a sua mãe e o porquê da alquimia ser proibida. O tema do jogo é “memória” e isto é algo frequente pois Yumia quer explorar o mundo para descobrir o que aconteceu com o império tombado e o porquê do ataque no qual a sua mãe morreu.
A narrativa principal de Atelier Yumia é interessante, o restante elenco também, aprofundado em missões secundárias e sempre presente na linha principal da história. Mesmo que sejam cumpridos os estereótipos já esperados, é uma continuidade dos esforços vistos em Ryza e acabas por te sentir interessado em saber sempre mais. Especialmente graças ao constante tom de mistério em torno dos principais inimigos e do seu papel na queda das civilizações
Um design mais aberto e simplificado
A jornada de Yumia para descobrir a verdade neste mundo de sociedades isoladas há centenas de anos mistura-se com a história em torno da alquimia, com imensas memórias a mostrar o que se passou antes da sua aventura começar. A jornada até à verdade é feita através de combates em tempo real e várias áreas de escala média para percorrer com um dinamismo nunca antes visto na série Atelier.
Yumia corre pelos mapas a grande velocidade, a dada altura terás uma moto que podes invocar rapidamente para desfrutar de maior velocidade, pode saltar por diversas rochas, apanha materiais automaticamente quando lhes acertas com o seu bastão, até pode usá-lo como pistola para disparar sobre rochas em vários locais e recolher esse recurso instantaneamente. Até pode fabricar alguns itens essenciais de forma rápida.
O dinamismo da experiência beneficia imenso com a simplificação de processos e um maior foco na diversão imediata, para que sintas sempre uma enorme energia positiva ao jogar. A fluidez da jogabilidade beneficia a experiência geral e é muito bem-vinda, pois contribuiu imenso para o charme geral de Atelier Yumia. A simplificação de vários processos beneficia-o imenso pois ao invés de passar o meu tempo nos menus, passei-o a correr pelos campos, a apanhar recursos, a divertir-me. Mesmo os momentos de alquimia ou a mecânica de construção estão muito mais acessíveis do que nunca, seguindo as filosofias que foram implementadas ao longo da trilogia anterior.
Inicialmente, apenas consegues aceder a uma área, mas após algumas horas chegas a outra e eventualmente a mais, com pontos de viagem rápida abundantes para facilitar a tua procura por recursos e acesso à base para alquimia. A acessibilidade e a simplificação de processos é uma benesse pois passas mais tempo a jogar e muito menos em menus.
Combates muito divertidos
Se percorrer este mundo de Atelier Yumia é muito divertido e a sua escala muito superior ao que vimos da série durante mais de uma década (é mesmo uma espécie de nova série com o mesmo nome), o sistema de combates também surge na sua forma mais divertida. Em tempo real, permite usar os principais botões do comando para constantes ataques alternados, permite percorrer livremente o espaço de combate (para o qual transitam rapidamente) e até te permite desviar dos ataques com um dodge que abranda o tempo, como se fosse uma mistura de jogo de ação com RPG.
Esta nova era de “elementos familiares com uma nova abordagem” refresca Atelier, torna-o mais divertido e dei por mim a passar horas no grind de níveis sem perceber o tempo a passar. O melhor de tudo são as boss fights, exigentes, podem até criar picos de dificuldade, mas testam a sério as nossas habilidades. Seja subir de nível, fabricar mais equipamento ou melhores armas, talvez fabricar e equipar melhores itens de cura, Atelier Yumia representa um bom desafio e isso é gratificante.
O charme da série Atelier está aqui, o sistema de combate eletrizante e divertido, a recolha de itens também, tal como o sistema de alquimia que podes automatizar ou aprender para usar de forma mais personalizada. O ciclo de jogabilidade rapidamente conquista e tens aqui um jogo daqueles que te faz sentir bem por o jogar.
Bom design artístico com problemas técnicos
Com um sistema de combate dinâmico e divertido, com um nível satisfatório de profundidade, Atelier Yumia beneficia ainda com o seu elenco, narrativa e a simplificação de mecânicas principais, como a alquimia, sem prescindir de um determinado nível de atenção por parte do jogador. Isto resulta numa experiência satisfatória e até mais adulta do que qualquer outro jogo que veio antes na série.
No entanto, a ambição da Gust esbarra nas suas limitações na componente técnica. Atelier Yumida é um jogo bonito de ver, especialmente as personagens de estilo anime, mas ainda assim é fácil perceber que não é um jogo particularmente avançado em termos de animações ou qualidade gráfica. Apesar da estética das personagens conquistar e de no geral ser um jogo belo de apreciar, existem imensos problemas de texturas.
Atelier Yumia é um jogo com imensas partes inesperadamente básicas em termos gráficos, com frequentes momentos nos quais a pobre qualidade das texturas te vai surpreender, especialmente se o cenário no geral até for belo.
Conclusão
Atelier Yumia mostra a Gust a transitar para um novo patamar, com uma experiência mais ambicioso, mais refinada e que ao simplificar muito do seu design resulta num JRPG muito mais divertido. É um excelente ponto de partida para novatos graças à estética, elenco e enredo, tem um design e mecânicas ainda mais divertidas, sendo um jogo claramente focado em divertir e muito menos em fazer o jogador passar tempo em menus ou a tentar perceber o que fazer.
Prós: | Contras: |
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