Conhecidos em todo o mundo como os astronautas “presos” da Nasa, Barry Eugene Wilmore e Sunita Williams completaram seis meses no espaço nesta quinta-feira (5). E eles têm mais dois meses pela frente bem longe da Terra.
A dupla foi lançada em órbita em 5 de junho. Os dois foram os primeiros a viajar na nova cápsula tripulada Starliner da Boeing, no que deveria ser um voo de teste de uma semana. Eles chegaram à Estação Espacial Internacional (ISS) no dia seguinte, depois de superar uma série de falhas no propulsor e vazamentos de hélio.
A Nasa considerou a cápsula muito arriscada para um voo de retorno, e é por isso que sua longa e difícil missão chegará ao fim só em fevereiro de 2025. Embora os funcionários da Nasa se recusem a chamá-los de “encalhados” ou “presos”, os dois capitães aposentados da Marinha dão de ombros para a descrição de sua situação. Eles insistem que estão bem e que aceitam seu destino.
Wilmore encara a experiência como uma espécie de desvio de rota: “Estamos apenas em um caminho diferente”.
“Gosto de tudo o que se refere a estar aqui em cima”, disse Williams aos alunos de uma escola primária que leva seu nome em Needham, Massachusetts, sua cidade natal, na última quarta-feira (4). “Só o fato de viver no espaço é muito divertido.”
Ambos astronautas já haviam morado na ISS antes, então rapidamente se tornaram membros plenos da tripulação, ajudando com experimentos científicos e tarefas como consertar um banheiro quebrado, aspirar dutos de ar e regar plantas. Williams assumiu o cargo de comandante da estação em setembro.
“A atitude ajuda muito”, disse Wilmore em resposta a uma pergunta dos alunos da primeira série de Nashville em outubro. Ele é de Mount Juliet, Tennessee. “Não vejo essas situações da vida como deprimentes.”
Condicionamento físico e mental
A Boeing levou sua cápsula Starliner para casa, vazia, em setembro. Agora a Nasa transferiu Wilmore e Williams para um voo da SpaceX, programado para retornar à Terra no final de fevereiro. Dois outros astronautas foram transferidos para o espaço, a fim de cumprir um cronograma de seis meses para as rotações da tripulação.
Como outras tripulações da estação, Wilmore e Williams treinaram para caminhadas espaciais e situações inesperadas que possam surgir. “Quando as tripulações sobem, elas sabem que podem ficar lá por até um ano”, disse o administrador associado da Nasa, Jim Free.
O astronauta da Nasa Frank Rubio descobriu isso da maneira mais difícil quando a Agência Espacial Russa teve que se apressar para conseguir uma cápsula substituta para ele e dois cosmonautas em 2023, estendendo sua missão de seis meses para pouco mais de um ano.
Fake news espaciais
A Boeing disse nesta semana que a contribuição de Wilmore e Williams tem sido “inestimável” na investigação em andamento sobre o que deu errado na missão. A empresa disse em um comunicado que está se preparando para o próximo voo do Starliner, mas se recusou a comentar quando ele ocorrerá.
A Nasa também elogiou muito a dupla. “Seja por sorte ou seleção, eles eram excelentes pessoas para essa missão”, disse o diretor médico e de saúde da Nasa, J.D. Polk, em uma entrevista à agência de notícias Associated Press.
Além de tudo isso, Williams, 59, teve que lidar com “rumores”, como ela os chama, de uma grande perda de peso. Ela insiste que seu peso é o mesmo que tinha no dia do lançamento, o que Polk confirma. Durante a conversa com estudantes na quarta-feira, Williams disse que não tinha muito apetite quando chegou ao espaço. Mas agora ela tem “muita fome” e faz três refeições por dia, além de lanches enquanto faz as duas horas diárias obrigatórias de exercícios.
Williams, uma corredora de longa distância, usa a esteira da estação espacial para apoiar corridas em seu estado natal. Do espaço, ela competiu na Falmouth Road Race, que aconteceu em Cape Cod em agosto, correndo 11 quilômetros.