Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – As exportações de do Espírito Santo, o maior produtor de grãos da variedade conilon do Brasil, deverão manter a força em 2025, após recordes registrados neste ano, disse o presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Fabrício Tristão, que tomou posse neste mês após ser reeleito para o cargo.
Tristão, o executivo da Olam Food Ingredients no Estado capixaba, disse que considerando embarques de dezembro, estimados em cerca de 500 mil sacas de 60 kg, a exportação de café do Espírito Santo vai encerrar com pouco mais de 11 milhões de sacas em 2024.
Esse volume deve representar pouco mais de 20% das exportações totais no ano do Brasil, o maior produtor e exportador global.
Os embarques do Espírito Santo têm ocupado espaços dos grãos robusta do Vietnã, segundo produtor mundial de café, que tem produzido menos por problemas de clima e ajudado a impulsionar a alta dos preços globais da commodity a máximas históricas em 2024.
O Vietnã produz em sua maioria a variedade mais adequada à fabricação de café solúvel, assim como o Espírito Santo. Esses tipos de grãos, que pertencem à espécie canéfora, também vêm ganhando participação nos “blends” do torrado e moído, registrando demanda crescente com melhora na qualidade e por serem mais baratos que o arábica.
De janeiro a novembro, apenas pelos portos do Espírito Santo, as exportações de café capixaba somaram cerca de 7,8 milhões de sacas, sendo 6,6 milhões de grãos verdes conilon, 657 mil sacas de arábica e 491 mil sacas equivalentes em café solúvel. Isso representa um crescimento de 66% por cento na comparação com o mesmo período do ano passado.
Com as dificuldades logísticas, os exportadores capixabas embarcaram ainda o café do Estado por portos do Rio de Janeiro e Santos, resultando em um volume total de 10,7 milhões de sacas até novembro, segundo dados do CCCV, entidade que representa os comerciantes e exportadores de café do Espírito Santo.
“De dois anos para cá, o crescimento é algo de 300%”, afirmou Tristão.
“Para o ano que vem, temos expectativa de que se mantenham os níveis atuais dos embarques do Espírito Santo”, afirmou ele, evitando fazer estimativas mais detalhadas na exportação.
O CCCV também não faz projeções de safras. Mas as primeiras indicações de consultorias privadas e comerciantes são de crescimento da safra de canéfora do Brasil em 2025, diferentemente do indicado para arábica.
Segundo o presidente do CCCV, a safra capixaba, que inclui uma parcela menor de arábica, está se desenvolvendo bem e a expectativa é uma “boa” colheita.
“Falta ver fevereiro, na fase final da granação, em muitos anos o clima neste período frustrou o incremento”, afirmou.
PAUSA?
Questionado sobre uma queda nas exportações de canéforas do Brasil em novembro, na primeira redução mensal na comparação anual desde maio de 2023, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), Tristão afirmou que sazonalmente os embarques da variedade perdem força nos últimos meses do ano, já que a colheita no Vietnã acontece no período.
“Os meses do final do ano para o Brasil no conilon historicamente são de menores volumes… a safra do Vietnã entra, a safra da asiática entra”, explicou ele.
Ele ponderou ainda que o café “está muito caro e tudo tem um limite”, citando os impactos dos preços recordes da commodity para as operações de comércio exterior.
“Muitas vezes não se consegue preservar margens e pode ter uma redução na liquidez. Quando exporta, tem que fazer hedge, tem outros fatores, mas não dá pra falar sobre dificuldade… o mercado segue demandando café brasileiro, então de maneira geral, tem essa expectativa de continuidade…”, afirmou.
Ele lembrou ainda que as expectativas são de crescimento da produção do Estado nos próximos anos, com o setor produtivo reagindo aos bons preços.
“O Brasil segue a cada triênio em outro patamar de produção no conilon, existem problemas climáticos para crescer fortemente, mas cresce. Então o incremento da área e ganho de produtividade levam ao crescimento da safra de conilon”, ponderou.
“Os preços fantásticos deste ano vão animar os produtores a investir.”
(Por Roberto Samora)