Pessoas que compartilham as refeições com outras são mais propensas a relatar níveis mais altos de bem-estar e satisfação com a vida, segundo uma pesquisa liderada pela University College London para o Relatório Mundial da Felicidade.
Os entrevistados que costumam jantar ou almoçar ao lado da família e de amigos com mais frequência relatam níveis mais altos de satisfação com a vida em comparação àqueles que comem sozinhos —em média, um ponto extra em sua avaliação de vida, em uma escala de 0 (pior vida possível) a 10 (melhor vida possível), o que o levantamento afirma ser uma grande diferença.
Os pesquisadores dizem que a frequência com que alguém divide refeições é um indicador tão forte dos níveis de satisfação com a vida e emoções positivas quanto a faixa de renda e o fato de ter ou não um emprego.
A equipe usou dados da Gallup World Poll, na qual mais de 150 mil pessoas foram questionadas sobre seu bem-estar e a frequência de compartilhamento de refeições com pessoas que conhecem durante a última semana. Os dados foram coletados de 142 países em 2022 e 2023.
O Relatório Mundial da Felicidade é publicado pelo Centro de Pesquisa de Bem-Estar da Universidade de Oxford, em parceria com a empresa de pesquisa de opinião Gallup, a Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas) e um conselho editorial independente.
Na pesquisa, países da América Latina e do Caribe relataram compartilhar o maior número de refeições em uma semana, com quase dois terços dos almoços e jantares (nove refeições). Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia ficaram em segundo lugar, compartilhando em média pouco mais de oito refeições por semana. Em contraste, países do sul da Ásia relataram compartilhar menos de quatro almoços e jantares por semana, enquanto o Leste Asiático relatou compartilhar quase seis em uma semana.
Os autores escolheram os Estados Unidos como estudo de caso para observar a evolução recente do compartilhamento de refeições. Para isso, usaram dados da Pesquisa de Uso do Tempo Americano e analisaram tendências em torno do compartilhamento de refeições e o ato jantar sozinho no país de 2003 a 2023.
As pessoas nos EUA agora são mais propensas a jantar sozinhas do que há 20 anos, o que os pesquisadores dizem ser impulsionado por jovens que tendem a compartilhar menos refeições com amigos e familiares.
Os autores especulam que isso pode estar ligado a tendências de longa data em torno de mudanças na estrutura social ao longo do tempo e um declínio geral no capital social —coesão comunitária e conexões com outros que formam uma sociedade funcional.
Os pesquisadores notaram em particular um aumento no número de americanos jantando sozinhos, com 26% dos adultos americanos relatando comer todas as suas refeições sozinhos no dia anterior, o que foi um aumento de mais de 50% desde 2003.
Adultos com mais de 65 anos são mais propensos a comer sozinhos, embora desde 2018 as taxas de pessoas com menos de 35 anos comendo sozinhas tenham aumentado em um ritmo mais acentuado, mostra o relatório.
Os pesquisadores especulam que a aceleração recente, a partir do início de 2020, pode ser atribuída a mudanças forçadas no comportamento social após a pandemia da Covid.
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