Caminho do Mar Vermelho, Caminho do Monte, Topo do Monte Sinai, Jardim de Contemplação e Caminho das Águas, além de salas de conferências e uma esplanada para mais de 70 mil pessoas. Essas são algumas das atrações da Terra Prometida, parque temático cristão que começará a ser construído na zona oeste do Rio de Janeiro.
Foi o prefeito reeleito, Eduardo Paes (PSD), quem fez o anúncio na última semana. A expectativa é que o lugar se torne um espaço para grandes eventos e cultos religiosos e que o Caminho das Águas se converta em um grande centro de batismos da cidade.
No Brasil, assim como noutros lugares do mundo, motivos religiosos são importantes propulsores da indústria do turismo.
Para citar apenas alguns exemplos de destinos religiosos que atraem mais de um milhão de visitantes anualmente no país, podemos mencionar o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo, o Círio de Nazaré, em Belém, no Pará, e a cidade do Padre Cícero, Juazeiro do Norte, no Ceará.
O que há em comum nesses destinos citados é que todos são católicos. Assim como também foi católica a iniciativa de construção do principal destino turístico do Brasil e ícone nacional no exterior, a estátua do Cristo Redentor.
Curiosamente, será na cidade do Cristo de braços abertos que a construção do parque da Terra Prometida avançará numa nova etapa do turismo religioso no país, o turismo de massa evangélico.
Na semana anterior ao anúncio da Terra Prometida no Rio, a Secretaria de Turismo da Prefeitura de São Paulo divulgou a inclusão do Templo de Salomão no seu programa de visitas guiadas, o Vai de Roteiro. Não por acaso a inauguração do percurso foi feita na semana que antecede o Natal.
O feito, na verdade, é um reconhecimento bastante tardio da relevância desse espaço como destino turístico. Afinal, como a própria prefeitura da cidade destacou ao anunciar a novidade, ainda em 2020 o Templo de Salomão foi o local mais visitado da cidade de São Paulo.
Assim como o Cristo Redentor é oficialmente um santuário católico e sua gestão é responsabilidade da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o Templo de Salomão, em São Paulo, é de propriedade e gestão de um grupo religioso particular, nesse caso, a Igreja Universal do Reino de Deus. É nesse aspecto que a construção da Terra Prometida anunciada por Eduardo Paes (PSD) na capital fluminense se diferencia.
Ao contrário do Cristo e do Templo de Salomão, esse novo destino turístico é um projeto exclusivo do poder público, que também será responsável por sua gestão e beneficiário exclusivo de seus eventuais rendimentos.
Outras cidades do país também estão apostando nesse modelo de exploração do turismo evangélico. Na baixada fluminense, a cidade de Mesquita inaugurou em 2023 as melhorias no Monte Horebe.
Situado no meio de uma área de proteção ambiental, o monte dos Guararapes, passou a ser chamado de Monte Horebe em uma referência direta ao lugar, também conhecido como Monte Sinai, em que Moisés teria recebido os dez mandamentos. Após um investimento de R$ 3,5 milhões da prefeitura, comandada por Jorge Miranda (PL), o espaço já é considerado o principal destino turístico dos evangélicos de todo o estado do Rio.
O movimento que a cidade do Rio de Janeiro fará ao construir o parque Terra Prometida é inédito entre as metrópoles brasileiras. Quando inaugurado, funcionará como uma espécie de marco geográfico para nos lembrar que a transformação religiosa do Brasil também tem impactos diretos na paisagem de nossas cidades. Nos próximos anos o Cristo Redentor terá que aprender a dividir suas atenções com a Terra Prometida.