Não há uma banda de rap nacional tão criativa e influente como os Racionais MC’s. O grupo transcendeu o público da periferia e conquistou ouvintes de todas as classes sociais com suas letras contundentes que tratam da violência e da pobreza.
Formada no bairro do Capão Redondo, na capital paulista, em 1988, e integrado por Mano Brown (Pedro Paulo Soares Pereira) Ice Blue (Paulo Eduardo Salvador), Edi Rock (Edivaldo Pereira Alves) e KL Jay (Kleber Geraldo Lelis Simões), os Racionais se consagraram com “Sobrevivendo no Inferno”, transformado num fenômeno comercial e considerado o disco mais importante do rap brasileiro.
“Sobrevivendo no Inferno” é o segundo disco de estúdio do grupo. Lançado em 1997, vendeu 1,5 milhão de cópias. Vem recheado de citações bíblicas e suas letras tratam da desigualdade social, da miséria, do racismo e da violência policial, assuntos que estão em primeiro plano em todos seus álbuns.
Agora os Racionais MCs, banda formada em 1988, são tema de uma exposição no museu das Favelas, que estava instalado no palácio dos Campos Elísios e se mudou recentemente para um antigo prédio no Centro Histórico, ao lado do Pátio do Colégio.
A exposição “Racionais MC’s – O Quinto Elemento” vai até o dia 31 de maio e mostra a história da banda, de seus integrantes e de seus discos. O evento celebra os 35 anos do grupo e exalta a cultura e a potência da periferia. O quinto elemento ao qual seu título se refere é o conhecimento.
A primeira parte da exposição fala da ancestralidade e mostra a origem étnica e o exames de DNA de todos os integrantes. Mano Brown tem 32% de sua ancestralidade proveniente da África, Ice Blue tem 92%, Edi Rock, 67%, e KL Jay, 38%.
Há também um espaço dedicado a homenagear as mães dos artistas, com fotos de todas elas. “Cada uma dessas mães, verdadeiras guerreiras, ensinou seus filhos a transformar pedras em diamantes, trazendo verdades duras com um fio de esperança que nunca se rompeu”, informa um painel na entrada da mostra.
Na sequência fala-se da intimidade dos quatro integrantes dos Racionais e são mostrados objetos pessoais, fotografias da infância, cartas de Mano Brown e o quimono de jiu-jítsu de Ice Blue. Na exposição, numa sala com luz azul, há uma homenagem a todos aqueles que contribuíram para a história da banda e que já morreram, como Sabotage e Mr. Catra. “Vamos brindar o dia de hoje porque o amanhã só pertence a Deus. A vida é loka!”, dizem os Racionais.
Quem visita a exposição, que é magnífica, fica sabendo que Mano Brown e KL Jay, DJ dos Racionais e figura fundamental para moldar a sonoridade do grupo, se conheceram no largo São Bento, nascedouro do rap e do hip hop brasileiro. Descobre também que Edi Rock, compositor inspirado, tinha os apelidos de Coquinho e Cocão, por causa das origens nordestinas, e que Ice Blue é o mais empreendedor do grupo.
A mostra prossegue com cabines nas quais se conta a história de cada um dos álbuns dos Racionais. Eles gravaram seis discos em estúdio, três ao vivo, uma coletânea e três singles. O primeiro LP, lançado em 1993, foi “Raio-X Brasil”. Em 2002, saiu “Nada como um Dia após o Outro Dia”. O último álbum lançado pela banda foi ao vivo: “Racionais 3 Décadas”, de 2023. Ir ao Museu das Favelas ver a exposição vale a pena.
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