Como disse André Rizek no Seleção Sportv, Vinicius Junior foi eleito o melhor do mundo pela Fifa por suas atuações em campo. O título potencializa o seu corajoso comportamento antirracista. Não é o contrário, como alguns insinuam de que ele seria o melhor do mundo por seu posicionamento contra o racismo.
Por outro lado, atletas, treinadores, celebridades e outros profissionais deveriam ser analisados por seus comportamentos durante a carreira e na vida, e não por atitudes e gestos esporádicos e midiáticos. É a sociedade do espetáculo.
Luís Zubeldía, treinador do São Paulo, deu uma ótima entrevista ao programa Bola da Vez, da ESPN, sob o brilhante comando de André Plihal. O técnico com conhecimento e clareza, falou da dificuldade de escalar os melhores, quando alguns atuam na mesma posição. Esta foi uma das razões de James Rodríguez não ter ficado no São Paulo, pois ele, Luciano e Lucas gostam de atuar como meias centralizados.
Zubeldía e Abel Ferreira, dois ótimos treinadores, precisam aprender a conciliar a maneira apaixonante de trabalhar durante as partidas com respeito aos árbitros e auxiliares.
Muitos outros treinadores vivem o mesmo problema na escalação dos melhores. Quando o jovem Scaloni assumiu a seleção da Argentina, havia vários ótimos jogadores do meio para frente: Messi, Di María, Lautaro Martínez, Alvarez, Dybala e outros. O técnico resolveu o dilema e o time passou a jogar com três no ataque e outros três no meio campo, uma marca vitoriosa da equipe. Os dois setores se aproximam, o que facilitou o esplendor técnico de Messi.
Dorival vive algo parecido na seleção brasileira. Ele tem escalado quatro no ataque (Luís Henrique, Raphinha, Igor Jesus e Vinicius Junior). Sobram apenas dois no meio campo, que são bons, mas nem tanto. Este esquema funciona bem quando há pontas que atacam e defendem ao lado dos dois volantes. Não é o caso de Vinicius Junior, que há muito tempo é um atacante no Real, pelo centro e pela esquerda. Tite viveu o mesmo problema com Neymar.
Após a chegada de Mbappé no Real, Ancelotti passou a ter a mesma dúvida, se escala os quatro brilhantes jogadores de ataque (Mbappé, Vini, Rodrygo e Bellingham) ou se coloca Rodrygo na reserva para ter mais um meio-campista. Com apenas dois no meio campo, a equipe tem sofrido muitos gols no campeonato espanhol e na Liga dos Campeões.
Existe uma lenda no futebol, que ficou marcada na Copa de 1970, de que é necessário escalar sempre os melhores. Funciona muito bem quando alguns se adaptam a outra função. Piazza foi ainda mais brilhante na zaga do que de volante, sua posição no Cruzeiro. Rivellino, que era um excepcional meia centralizado, se adaptou muito bem à função de meia ponta, formando um trio no meio campo com Gerson e Clodoaldo. Eu, que era um meia atacante no Cruzeiro (jogava com a camisa 8 e tinha função de um camisa 10), atuei na copa de centroavante, camisa 9. Hoje, me chamariam de falso 9.
A vida e o futebol não começaram com a internet, como alguns pensam. Sou um idoso que tenta compreender o presente, com um olhar no passado e outro no futuro. Não sou um saudosista, um sonhador quixotesco nem um modernista deslumbrado.
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