Após o forte temporal que ocorreu em São Paulo na sexta-feira (11), milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica em decorrência da queda de árvores e postes na capital. Segundo a Enel, concessionária responsável pelo abastecimento de energia elétrica, foram 2,1 milhões de endereços atingidos na cidade.
A tragédia, que deixou sete pessoas mortas, passou a ser um dos principais tópicos discutidos nas redes sociais e grupos de mensageria analisados pela Palver.
Ao longo da última semana, a discussão se deu em torno da responsabilidade de cada uma das partes na falta de energia elétrica nas residências e estabelecimentos.
O tema ganhou ainda mais destaque por causa do segundo turno das eleições municipais em São Paulo, em que Boulos (PSOL) disputa a vaga com o incumbente Ricardo Nunes (MDB).
Boulos e sua campanha procuram responsabilizar Nunes pela demora no restabelecimento de energia, enquanto o prefeito acusa a Enel e o governo federal pela atual situação.
Nos mais de 90 mil grupos públicos de WhatsApp analisados pela Palver, o pico de menções se deu no sábado (12), quando atingiu 87 menções a cada 100 mil mensagens trocadas na plataforma. Já no Telegram, foram 121 mensagens a cada 100 mil, mas o pico se deu no dia 14.
As acusações entre Boulos e Nunes também se reproduziram nas redes sociais. Na segunda-feira (14), a proporção de mensagens era de mais ou menos 80% favorável a Boulos, enquanto 20% das menções seguiam uma linha de argumentação mais favorável a Nunes.
Ao longo da semana, a situação não se alterou. A tentativa de resposta da direita foi carregada principalmente por vídeos procurando fazer uma ligação entre o apagão em São Paulo com os interesses políticos do presidente Lula e de seu candidato Boulos.
Nos grupos de mensageria mais ligados à direita, a linha discursiva mais comum foi a de que a Enel está em conluio com Lula para manter as pessoas sem luz na cidade, uma vez que o apagão, conforme argumentam, faz com que os cidadãos culpem o prefeito.
Do ponto de vista de comunicação, essa narrativa procura deslocar o sentimento de raiva das pessoas afetadas pelo apagão para o presidente Lula. Isso porque, nos vídeos, há o argumento de que Lula estaria fazendo isso de propósito para reverter a situação eleitoral de Boulos, e que, portanto, estaria causando dor e sofrimento ao povo por interesses egoístas.
Esses ataques a Lula e ao governo federal ficaram mais restritos aos grupos de direita. Enquanto isso, vídeos e mensagens mais favoráveis a Boulos são os que continuam predominando nos grupos de mensageria.
O vídeo que mais circulou sobre o tema e foi enviado em diversos grupos públicos no WhatsApp, traz o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira explicando que o prefeito Nunes precisa entregar um “plano urbanístico mais adequado ao setor elétrico” e que é necessário resolver a questão da poda de árvores.
O ministro ainda destacou no vídeo que a Enel precisa aumentar seu efetivo de equipes para atender as demandas da cidade. A circulação desse vídeo ocorreu juntamente com o seguinte texto: “verdadeiros culpados pelo apagão em sp”.
Outro vídeo que circulou nos grupos públicos de WhatsApp procurava explicar de forma didática a questão da responsabilização, apontando que a concessão deve ser fiscalizada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e que toda sua diretoria foi indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além disso, por terem mandatos fixos, Lula não tem poder de destituí-los.
Nesse mesmo vídeo, há ainda comentários sobre a poda das árvores ser de responsabilidade da prefeitura. Essa discussão sobre a poda foi inclusive discutida em grupos que não são de política, como zeladoria e condomínios. Nestes, os usuários responsabilizaram o prefeito por não ter alocado recursos suficientes nas secretarias responsáveis.
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