Dois meses após uma sequência de casos de violência envolvendo policiais militares no estado de São Paulo, alguns dos agentes retornaram para o trabalho nas ruas. Outros seguem em funções internas.
A empresária Lenilda Messias, 63, teve um ferimento no rosto durante uma confusão entre seus familiares e policiais militares. O caso ocorreu em 4 de dezembro durante uma abordagem na garagem da família no Jardim Regina, em Barueri, na Grande São Paulo.
Lenilda levou um chute, empurrões e foi agarrada pela roupa por um PM.
Vídeos gravados por testemunhas mostram que o filho dela, o empresário Juarez Higino Lima Júnior, também foi agredido quando estava imobilizado.
A câmera presa ao uniforme que um policial utilizava gravou o início da confusão, ainda do lado de fora da residência. Os policiais pretendiam apreender uma motocicleta estacionada na calçada.
À época, 12 policiais militares com algum envolvimento na confusão foram afastados do trabalho nas ruas. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, atualmente apenas um deles segue afastado. Ele permanece à disposição da Corregedoria da Polícia Militar.
Os outros 11 retornaram para as atividades normais.
Uma outra ação, em 1° de dezembro, resultou no afastamento de 13 policiais militares. Eles estavam no entorno da ocorrência em que o soldado Luan Felipe Alves Pereira, 29, foi filmado arremessando Marcelo Barbosa do Amaral, 25, de uma ponte. O caso ocorreu na Cidade Ademar, na zona sul da capital.
Pereira está detido no Presídio Militar Romão Gomes. Conforme a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), 12 PMs exercem funções administrativas.
Quem também segue afastado do trabalho, segundo a pasta da Segurança, são os dois policiais militares que participaram da abordagem que resultou na morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22.
Ele foi morto com um disparo do soldado Guilherme Augusto Macedo dentro de um hotel na Vila Mariana, zona sul, no dia 20 de novembro.
A Polícia Civil pediu a prisão preventiva (sem prazo) de Macedo na última sexta-feira (3).
Dias antes, o menino Ryan da Silva Andrade Santos, 4, foi morto com um tiro disparado por um PM durante uma ação policial no Morro de São Bento, em Santos. O caso ocorreu na noite de 5 de novembro.
Santos brincava na rua com outras crianças quando foi atingido na região do abdômen. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O pai da criança morreu em confronto com a PM em uma outra operação, em fevereiro passado.
De acordo com o governo, os policiais envolvidos continuam em serviço administrativo. A quantidade de agentes afastados não foi informada. “Os envolvidos passaram por avaliação psicológica e foram submetidos à reunião da Comissão de Mitigação de Riscos”. A junta tem como uma das finalidades aperfeiçoar processos operacionais.
Em nota, a Polícia Militar disse não compactuar com excessos ou desvios de conduta e que pune exemplarmente aqueles que infringem a lei e desobedecem os protocolos estabelecidos pela corporação.
“A Corregedoria da Polícia Militar está à disposição para formalização de denúncias, a fim de que os fatos sejam devidamente apurados.”