A brasileira Taiany Caroline Martins Matos, 32, morreu na Holanda ao cair do 4º andar do prédio em que vivia com o namorado, um holandês de 53 anos, na sexta-feira (3), na cidade de Breda. Apenas os dois estavam no local no momento da queda.
Segundo Paulo Henrique de Oliveira Lopes, amigo da vítima e advogado que representa a família, a polícia holandesa finalizou a investigação em um dia e concluiu que não houve crime.
A família, porém, afirma que o empresário era um homem controlador e que ela vivia um relacionamento abusivo. Por isso, tentam acesso ao conteúdo da investigação.
Taiany, pedagoga e natural de Brasília, mudou-se para a Bélgica havia seis anos em busca de uma vida melhor. Ela vivia na Holanda havia cerca de seis meses e morava com o namorado. Ela trabalhava em uma pizzaria e em um café.
A família soube da morte no sábado (4), por meio de uma ligação do namorado.
Segundo Lopes, o namorado contou outra versão para o irmão de Taiany, dizendo que ela tinha saído à noite para beber com amigas. Depois, voltou e dormiu. “Ele disse que de manhã tentou acordá-la, mas ela estava morta na cama. Disse que ela tinha morrido dormindo.”
O irmão de Taiany ligou para uma amiga brasileira que também mora na Holanda, e ela contou que os jornais locais tinham noticiado que Taiany caiu da janela do quarto.
A polícia da Holanda, de acordo com o advogado, ligou para a família no domingo (5) para comunicar o desfecho da investigação.
“A polícia disse que ela voltou do encontro com as amigas e o namorado tentou acessar o celular dela, eles começaram a brigar na sala. Ela correu e se trancou no quarto. A polícia falou que ela foi para a janela e colocou uma perna do lado de fora e que várias pessoas teriam visto. Nisso, ela teria se desequilibrado e caído. Para a polícia foi uma queda acidental”, disse Lopes.
A vítima tinha vindo ao Brasil em 14 de novembro e ficou até o dia 28 de dezembro.
“A gente viu como ele era controlador e ciumento. Teve um dia que a gente saiu em um grupo de amigos e ele não parava de ligar. Ela ficou mais de uma hora na ligação inventando desculpas porque ele disse que ela só poderia ficar dentro de casa”, explicou o advogado.
Ainda de acordo com Lopes, a vítima não dava detalhes da relação.
“Mas sempre relatava o ciúme, possessividade e tentativa dele de controlar a vida e o comportamento dela o tempo todo. Ela comentou que estava pensando em terminar e que ficaria no Brasil, mas ele insistiu para que ela voltasse e passassem o Ano-Novo juntos”, relatou.
A família e o advogado fizeram contato com o consulado para pedir apoio para acessar o inquérito da investigação. A família também busca juntar R$ 50 mil até a próxima sexta (10) para conseguir trazer o corpo dela de volta ao Brasil.
A Folha procurou a polícia da Holanda via e-mail na tarde desta quarta-feira (8), mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
O Itamaraty disse que, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Amsterdã, acompanha o caso atentamente e que está em contato com as autoridades locais. Além disso, está prestando assistência consular aos familiares da vítima.