A Polícia Civil de Goiás cumpre nesta terça-feira (17) cinco mandados de prisão e 17 de busca e apreensão na investigação de um suposto desvio de cerca de R$ 10 milhões dos cofres da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia.
Batizada de Speedy Cash, a operação apura a existência de um esquema de fraude em um convênio assinado entre a secretaria e uma empresa prestadora de serviços.
Entre os alvos de mandados de prisão estão o ex-secretário municipal de saúde Wilson Pollara e o ex-secretário executivo Quesede Ayres Henrique. A Folha tenta contato com a defesa de ambos.
Também foram expedidos mandados de prisão contra representantes da prestadora de serviços e da associação filantrópica União Mais Saúde, suspeitas de envolvimento no esquema.
Não foram divulgados os nomes dos demais alvos da operação.
Segundo a polícia, há indícios de associação criminosa e peculato nos contratos firmados entre a pasta, o grupo filantrópico e a empresa de saúde para a compra de equipamentos de saúde móvel e a contratação de palestras e pesquisas sobre acessibilidade e doença de Crohn.
A ação foi deflagrada pela Deccor (Delegacia Estadual de Combate à Corrupção) e conta com a participação de cerca de cem policiais em Goiânia e Anápolis.
Procurada, a Secretaria de Saúde de Goiânia informou em nota que vai cumprir com todas as determinações judiciais e colaborar com o fornecimento de informações e documentos necessários.
Esta é a segunda operação contra Pollara e Henrique em menos de um mês. Eles haviam sido presos preventivamente no dia 27 de novembro, durante a operação Comorbidade, do Ministério Público de Goiás, e liberados em 7 de dezembro.
Na ocasião, também foi detido o diretor-financeiro da pasta. Os três são acusados de conceder vantagens em contratos e foram afastados dos cargos após a operação.
Segundo a Promotoria, Pollara e os outros envolvidos deixaram de repassar verbas públicas previstas em convênios para entidades que administram hospitais e maternidades da capital. Uma delas, a Fundahc (Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas), acumulou um passivo de R$ 121,8 milhões com fornecedores.
INTERVENÇÃO
No dia 9, o TJ-GO (Tribunal de Justiça de Goiás) determinou a intervenção do governo estadual na gestão da saúde pública municipal da capital até o dia 31 de dezembro.
Segundo o Ministério Público, autor do pedido de intervenção, o motivo é a escalada da crise de saúde no município, marcada pela falta de repasses ao Fundahc, redução de leitos e precariedade estrutural das unidades hospitalares. O órgão também alega que houve retenção de verbas federais e emendas parlamentares, desvios de recursos e atrasos nos pagamentos a fornecedores.
A Promotoria determinou ainda que o prefeito eleito, Sandro Mabel (União), apresente um plano de gestão para a secretaria em até 90 dias após sua posse.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), nomeou o médico Márcio de Paula Leite como interventor, por indicação de Mabel, seu aliado político.
Após a prisão de Pollara, o cargo foi ocupado por Cynara Mathias, que permaneceu na função por apenas uma semana antes de pedir exoneração. Segundo a Promotoria, ela alegou impossibilidade de gerir a pasta devido à falta de recursos.