Durante as ceias de fim de ano é possível que você se veja diante de sentimentos mais complexos do que aproveitar as comidas que gosta, e se sinta refém de sofrimento ao encarar tantas opções. É comum (mas não normal) ouvir pessoas dizerem que “precisam” emagrecer após as festas. Mas o pesar de comer junto de pessoas queridas não é.
Para ajudar a lidar com esta situação, profissionais sugerem ao blog estratégias para que pessoas em tratamento de transtornos alimentares tenham um fim de ano com menos ansiedade e culpa.
Não pule refeições. “Tome café da manhã e almoce normalmente. Como o jantar pode ser deslocado para a meia-noite em muitos lares, faça mais lanches até esse horário para evitar um episódio compulsivo”, diz a nutricionista Marcela Kotait, coordenadora da equipe de Nutrição de Anorexia Nervosa do Ambulim.
A profissional orienta seguir um roteiro que te deixe confortável: coloque um alimento por vez no prato, e inclua um item de cada grupo alimentar. Se tiver alguém de confiança que saiba pelo que você está passando, peça companhia para montar o prato e após as refeições.
Como estratégia, Marcela sugere que você não teste os seus limites emocionais. Avalie se consegue lidar com a decisão de comer determinados alimentos. “O planejamento ajuda a não ficar morrendo de fome, o que possibilita escolher entre as opções e fazer um prato balanceado que não gere sofrimento, ansiedade, com purgação ou compensação posterior”, explica.
Além disso, aplique práticas distrativas para evitar os pensamentos nocivos e as medidas compensatórias. No dia seguinte, volte à alimentação normal. Caso precise sair do ambiente por alguns minutos para respirar, conte com aquela pessoa de confiança. “Se a ansiedade bater, mude o foco”, acrescenta a nutricionista Andréa Vargas, coordenadora do ambulatório do Grupo de Estudos do Comer Compulsivo e Obesidade (GRECCO).
Se sentir que a compulsão está vindo, mude de ambiente. Levante, vá ao quintal, puxe um papo com alguém –qualquer coisa que desconecte você desse impulso.
“A respiração é sua melhor amiga”, diz. Experimente inspirar pelo nariz contando até 4, segure o ar por 7 e expire lentamente até 8, ensina. “Dá para fazer no banheiro sem ninguém ver. Vale focar nos sentidos. Pegue um copo de água gelada e sinta a temperatura nas mãos”, diz. Ela enfatiza que você não precisa agradar ninguém. “Você está ali para curtir do seu jeito, e tudo bem se isso significar fazer algumas pausas”, finaliza.
O psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Albert Einstein endossa que saber identificar e contornar situações estressantes que possam ser gatilho para a compulsão alimentar é uma das estratégias recomendadas, assim como pedir a uma pessoa de confiança que fique próxima e ajude a evitar a perda de controle sobre a ingestão alimentar. “Há também técnicas de respiração e relaxamento que podem ser aplicadas em qualquer ambiente e diminuir o nível de ansiedade e estresse”.
O profissional deixa o lembrete: apesar da ceia, as festas de fim de ano não se limitam a pessoas sentadas à mesa. “Trata-se, mais do que tudo, de um momento de confraternização e que simboliza felicidade, esperança e união”.
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