A United Launch Alliance (ULA), joint venture de foguetes da Boeing e da Lockheed Martin, planeja atualizar uma versão de seu foguete Vulcan para desafiar o Starship, da SpaceX, no mercado de lançamento de satélites em órbita baixa da Terra. A intenção foi revelada pelo CEO da empresa na última quinta-feira (12).
A ULA deseja desenvolver um modelo adaptado para o mercado cada vez mais lucrativo da órbita baixa da Terra, sobretudo devido ao fato de a SpaceX lançar milhares de satélites para seu serviço de internet Starlink.
“Recentemente concluímos um grande estudo de mercado sobre o que precisamos ter para sermos competitivos em um futuro mercado de órbita baixa da Terra”, disse o CEO da ULA, Tory Bruno, à Reuters na quinta, durante uma conferência espacial militar em Orlando, nos Estados Unidos.
“Selecionamos uma modificação para o Vulcan que nos dá significativamente mais massa para a órbita terrestre baixa e nos coloca em uma faixa competitiva.”
O foguete Vulcan, da ULA, alimentado por motores da Blue Origin, de Jeff Bezos, fez seus dois primeiros lançamentos neste ano e é projetado principalmente para atender às demandas das missões do Pentágono.
Entre as opções que a ULA elaborou para uma versão otimizada para a órbita terrestre baixa, Bruno disse que havia um Vulcan Heavy, ou três impulsionadores principais do Vulcan amarrados juntos. Ele também disse que havia “outras configurações do Vulcan que são bastante únicas, que têm propulsão em lugares incomuns”.
Embora o Starship, da SpaceX, seja principalmente projetado para missões tripuladas à Lua e a Marte, a empresa de Elon Musk também planeja usá-la para acelerar o lançamento de grandes lotes de satélites Starlink em órbita terrestre baixa.
Isso tem pressionado os concorrentes da SpaceX a igualar as capacidades do Starship. Já outras empresas, como a Amazon, correm para construir redes de satélites, impulsionando a demanda por grandes lançadores.
A ULA espera concluir o desenvolvimento da nova versão do veículo até o momento em que ele acredita que o Starship, de Musk, comece a oferecer lançamentos de satélites em órbita baixa, o que, segundo Bruno, ainda pode levar vários anos.
“Não vamos enfrentá-lo nesse mercado específico por um tempo,” previu Bruno.
Musk disse que ainda quer aumentar o poder do Starship e aprimorar a capacidade do foguete de retornar rapidamente à Terra em braços mecânicos gigantes.
A ULA tem várias missões Vulcan reservadas com a Amazon para implantar satélites de internet Kuiper no espaço, tornando o foguete uma parte importante da estratégia da empresa de Bezos para desafiar o Starlink. A empresa também reservou lançamentos com outros foguetes como parte de um acordo de múltiplos lançamentos.
A SpaceX fez seis voos do Starship a partir da Starbase, no sul do Texas, repetindo sua tática de teste envolvendo atualizações sucessivas e marcos antes de finalizar uma versão de qualidade comercial. Outras empresas, incluindo a ULA, não lançarão um novo foguete até que seu design esteja finalizado.
A ULA pretende realizar oito missões Vulcan no próximo ano e 12 com o Atlas 5, antecessor aposentado do Vulcan.
O Vulcan tem um preço de lançamento de cerca de US$ 110 milhões —pouco acima do preço base de um Falcon 9, da SpaceX— e uma carteira de pedidos de aproximadamente 70 missões, incluindo as da Amazon, o que aumenta a urgência de fazer o foguete voar rotineiramente.
A ULA, formada em uma fusão de 2006 entre os programas de lançamento espacial da Boeing e da Lockheed, está à venda há mais de um ano, atraindo interesse da unidade espacial Sierra Space, da Sierra Nevada Corp, e da Blue Origin. Perguntado sobre as negociações, Bruno se recusou a comentá-las.