Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) – As ações da construtora Tenda (BVMF:) subiam nesta terça-feira após anúncio na véspera da venda de participação em sua divisão de casas pré-fabricadas Alea e das projeções para 2025.
O movimento também tinha como pano de fundo a conferência anual da empresa com investidores, realizada pela manhã.
Na noite de segunda-feira, a Tenda divulgou suas previsões para o próximo ano, esperando margem bruta ajustada entre 34% e 36% para sua operação homônima e entre 20% e 24% para a Alea.
As vendas líquidas na operação Tenda devem ficar entre 3,8 bilhões e 4 bilhões de reais, enquanto na Alea essa margem varia entre 700 milhões e 800 milhões de reais.
Por fim, a construtora também estimou resultado líquido oscilando de 360 milhões a 380 milhões de reais na sua principal operação, enquanto para Alea, que tem registrado prejuízo até então, a faixa do “guidance” vai de zero a 20 milhões de reais.
Para além das projeções, também chamou atenção a venda de 6,97% do capital social da Alea para um fundo gerido pela Good Karma Partners (GKP) pelo valor de 80 milhões de reais.
A operação fixou o valor da Alea em 1,09 bilhão de reais e a participação da gestora GKP na divisão de casas pré-fabricadas está sujeita a um mecanismo de ajuste ao final de 2026, podendo variar entre 5,89% e 8,11% “mediante o cumprimento de metas da Alea”, segundo a Tenda.
A construtora deverá receber 50% do pagamento no fechamento da operação e os demais 50% em seis meses, com correção monetária, de acordo com seu fato relevante da véspera.
“A Alea, esse é o último ano de consumo de caixa dela”, afirmou o presidente-executivo da construtora, Rodrigo Osmo, em conferência com investidores nesta terça-feira.
“A motivação (para venda) foi, primeiro, ter um sócio bacana… e, inegavelmente, acho que é uma forma muito clara de a gente precificar o ativo.”
Analistas do BTG Pactual (BVMF:) afirmaram em relatório nesta terça-feira que tanto o guidance do próximo ano quanto a operação envolvendo a Alea são “notícias muito positivas”.
Na visão da equipe do BTG liderada por Gustavo Cambauva, mais importante, a venda de participação minoritária na Alea ajudará a desalavancar o balanço da Tenda.
O acordo de investimento entre a companhia, a Woodframe Participações, também acionista da Alea, e a GKP ainda assegura à gestora “determinados mecanismos de liquidez” caso a Alea não realize uma oferta pública de ações (IPO) dentro de 6 anos.
Segundo os analistas do BTG, a avaliação da Alea sugere que suas operações “estão no caminho certo para alcançar lucratividade”. O BTG tem preço-alvo de 22 reais e recomendação de “compra” para as ações da Tenda.
Para Osmo, pode-se esperar um “novo patamar de rentabilidade” na operação Tenda, principal negócio do grupo, e um “ganho muito substancial” de margem na Alea no próximo ano.
A Tenda atua no segmento de baixa renda, com empreendimentos enquadrados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida faixas 1 e 2, além de outros programas estaduais e municipais.
Em relação a proventos, o diretor financeiro da Tenda, Luiz Maurício Garcia, afirmou que o pagamento de dividendos da Tenda no próximo ano deve se limitar ao mínimo obrigatório de 25% do resultado do exercício, dado o foco da companhia em desalavancar, mas não descartou maior distribuição a partir de 2026, no caso do alcance de uma “alavancagem zero”.
“Acho que a tendência é a gente ter uma desalavancagem rápida… e daí sim a gente teria espaço para aumentar o dividendo em algum momento a partir de 2026.”
Às 14h57 (horário de Brasília), as ações da Tenda subiam 6,7%, a 13,38 reais cada. No melhor momento da sessão, o papel chegou a 13,65 reais. No ano, contudo, a ação ainda acumula queda de cerca de 8,5%.
(Reportagem de Patricia Vilas Boas)