O presidente-executivo da OpenAI, Sam Altman, doará US$ 1 milhão (cerca de R$ 6 milhões, na atual cotação) de seu próprio dinheiro para o fundo inaugural de Donald Trump, confirmou a empresa na sexta-feira (13).
O anúncio segue a esteira das doações da Amazon e da Meta, dona do Facebook e do Instagram, também em US$ 1 milhão cada uma. A Perplexity, um mecanismo de busca impulsionado por IA, também confirmou que doou o mesmo montante para o fundo.
Os movimentos sugerem que as grandes empresas de tecnologia estão buscando construir relações com o presidente eleito dos Estados Unidos, de olho em aliviar a pressão em torno de questões antitruste e da regulação da inteligência artificial.
Além das doações, o CEO e fundador da Amazon, Jeff Bezos, planeja visitar o resort Mar-a-Lago de Trump na próxima semana, de acordo com o The Wall Street Journal. Os presidentes-executivos do Google e da Apple, Sundar Pichai e Tim Cook, respectivamente, também foram rápidos em parabenizar Trump após a eleição, assim como outras líderes das chamadas big techs.
A recepção marca um contraste em relação ao primeiro mandato do republicano, que há muito tempo acusa as big techs de uma série de abusos, incluindo censura de mídia conservadora.
Algumas figuras proeminentes, como o cofundador do PayPal e da Palantir, Peter Thiel, apoiaram Trump naquela época, mas o Vale do Silício, amplamente visto como um reduto democrata, em grande parte o evitou. O próprio Sam Altman respondeu à primeira vitória eleitoral de Trump postando no Twitter: “Isso parece a pior coisa que aconteceu na minha vida”.
Trump também entrou em conflito com a Amazon durante seu primeiro mandato, quando a acusou de levar empresas à falência e criticou sua política fiscal.
Mas o republicano forjou uma relação mais próxima com a comunidade tecnológica ao longo do último ano, visitando San Francisco para arrecadações de fundos e aparecendo em podcasts populares, incluindo o programa de Joe Rogan e o All-In, que é apresentado por quatro investidores do Vale do Silício.
Trump trouxe o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, da SpaceX e do X (ex-Twitter), como um de seus conselheiros mais próximos e uma ponte importante entre Washington e San Francisco. Musk, aliás, doou dezenas de milhões de dólares para a campanha de Trump.
Outras figuras proeminentes do Vale do Silício também foram escolhidas para papéis na administração ou como conselheiros informais.
Na semana passada, o capitalista de risco e apresentador do All-In, David Sacks, foi anunciado como czar de IA e criptomoedas de Trump, e o investidor Marc Andreessen foi usado como consultor para nomeações no recém-formado “departamento de eficiência governamental”, que será coliderado por Musk e o empreendedor Vivek Ramaswamy.
A relação de Sam Altman com a administração Trump é complicada pela presença de Musk, que está processando a OpenAI por querer mudar a natureza da empresa para “benefício público com fins lucrativos”.
Musk, ex-investidor e cofundador da OpenAI, alegou que a mudança é uma tentativa de monopolizar o mercado de inteligência artificial generativa. Musk também lançou sua própria start-up de IA, a xAI.
Em um evento da Reuters esta semana, a diretora financeira da OpenAI, Sarah Friar, disse que confiava que Musk “como concorrente [colocaria] em primeiro lugar o interesse nacional e competiria de forma apropriada”.
Na sexta-feira, a OpenAI afirmou em um post no blog que Musk, em 2017, quando ainda era copresidente da OpenAI, sugeriu e apoiou um componente com fins lucrativos com ele no comando.
“Quando ele não obteve a maioria das ações e controle total, ele se afastou e nos disse que falharíamos. Agora que a OpenAI é o principal laboratório de pesquisa de IA e Elon dirige uma empresa de IA concorrente, ele está pedindo ao tribunal que nos impeça de perseguir efetivamente nossa missão”, disse a OpenAI no post.
Musk não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.