Um grupo de 138 nomes de destaque em diversas áreas no Brasil se reuniu para formar o Todos Pela COP30, movimento que pretende traçar planos para apoiar e amplificar o potencial do evento no combate às mudanças climáticas.
A 30ª conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas, que reunirá líderes mundiais, pesquisadores, ONGs e sociedade civil, está marcada para ocorrer de 10 a 21 de novembro de 2025 em Belém.
Os nomes que assinam o manifesto do coletivo vão da ciência ao entretenimento, como o climatologista Carlos Nobre, reconhecido internacionalmente por suas pesquisas na área, e o apresentador de TV e empresário Luciano Huck, que tem investimentos na área ambiental.
No coletivo, composto por 47 mulheres e 91 homens, estão ainda o economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central; Candido Bracher, ex-presidente do Itaú Unibanco e colunista da Folha, e o engenheiro agrônomo Guto Quintella, que já ocupou o cargo de diretor global da Vale.
Políticos como o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), a vice-governadora do estado, Hana Ghassan (MDB), e a deputada federal Tabata Amaral (PSB) também fazem parte do grupo.
Em carta publicada pelo movimento em anúncios na imprensa, o grupo diz enxergar na COP30 uma oportunidade para o Brasil exibir ao mundo sua natureza e mostrar que sabe ser responsável por ela.
Segundo Quintella, a origem do movimento data de mais de um ano, quando um pequeno grupo apoiou o Governo do Pará para formalizar uma estratégia ambiental com 13 compromissos. Entre as ações estão a restauração de 100 mil hectares de florestas —20 mil deles antes da COP30— e o desenvolvimento de um plano de adaptação climática para todos os municípios.
Medidas como a implantação da rastreabilidade do rebanho bovino, mirando uma pecuária sustentável, e a ampliação das brigadas de combate a queimadas e desmatamento também estão contempladas.
“Quando esse grupo publicou [a estratégia], resolveu escrever uma carta para justificar o gesto em apoio à COP30 e convidou outras pessoas a aderirem. Em dois dias, sem nenhum esforço, muitos nomes relevantes aderiram”, afirma Quintella.
“O grupo reúne setores importantes do Brasil, empresários preocupados com o meio ambiente e cientistas, que levam ao coletivo os riscos sobre o que está acontecendo com o clima e o que precisa ser feito. É um grupo capaz de discutir a relevância da COP30, que deve ser a [cúpula] mais importante de todas até agora”, diz o cientista Carlos Nobre.
Na visão do especialista, o cenário climático não é animador, e os dados de altas temperaturas pedem urgência das ações.
“Em 2023 e 2024, tivemos o maior número de eventos climáticos extremos da história. A ciência já alertava para essa situação. Agora, nós precisamos estar muito mais preparados para esses eventos”, diz.
Para ele, a COP30 deve ter como um de seus principais focos a busca por melhores planos para a adaptação da humanidade diante de condições climáticas mais adversas, causadas pela aceleração da emissão de gases de efeito estufa.
Segundo Quintella, o movimento agora deve identificar as melhores formas de cooperar e se estruturar para alcançar os objetivos previamente desenhados.
“Por ora, o que une a todos é a preocupação com a questão ambiental e o desejo de cooperar para que a COP30 se torne um marco relevante no caminho para a superação do desafio do aquecimento global”, conclui.