Rugas, flacidez e manchas são apenas algumas das condições que agravam nossa relação com a autoestima. Mas o melasma, distúrbio da pigmentação da pele, também merece atenção.
A condição, caracterizada pelo surgimento de manchas escuras, geralmente em áreas como testa, bochechas, nariz e queixo, é causada pelo aumento da produção de melanina, o pigmento responsável pela cor da pele. A hiperpigmentação também pode aparecer no pescoço, colo e antebraços.
O excesso do pigmento, produzido pelos melanócitos, ocorre devido à exposição à radiação UV, que ativa mecanismos celulares e bioquímicos, o que estimula o processo natural de produção de melanina. Alterações hormonais, como o aumento dos hormônios sexuais (estrogênio e progesterona), podem também estimular os melanócitos.
“Durante a gravidez, terapias hormonais ou o uso de anticoncepcionais, há um descontrole hormonal que pode resultar na formação de manchas”, explica a cosmetóloga Joyce Rodrigues. “Fatores genéticos e predisposições familiares também exercem influência significativa no desenvolvimento do melasma”.
O envelhecimento da pele também é um fator. Neste caso, células chamadas fibroblastos liberam substâncias que estimulam a produção de melanina, tornando o processo de formação das manchas mais complexo do que o simples aumento da atividade dos melanócitos.
Em uma pele sem melasma, o processo de produção de melanina é equilibrado e uniforme, resultando em uma cor de pele homogênea.
O estresse oxidativo —causado pelo excesso de radicais livres no corpo, resultante de fatores como exposição ao sol, poluição e tabagismo— também pode contribuir para a disfunção dos melanócitos, intensificando a produção de pigmento.
“O melasma pode acontecer em homens e mulheres, mas as mulheres estão mais propensas devido ao estímulo hormonal. Além disso, pessoas com fototipos mais escuros, que têm mais melanina, também têm maior chance de desenvolver a condição”, completa Joyce Rodrigues.
Cabeleireiras mulheres e negras, portanto, têm maiores fatores de risco para o desenvolvimento dos melasmas, uma vez que, além dos fatores genéticos, estão mais propensas ao contato com secadores, que emitem radiação infravermelha e aquecimento excessivo.
A La Roche-Posay desenvolveu uma pesquisa, entre dezembro de 2022 a fevereiro de 2023, que mostra que 62% da população brasileira apresenta desordens pigmentares, refletindo a diversidade dos fototipos do país. O melasma, representa 12% das hiperpigmentações identificadas no levantamento. O estudo abrangeu 48 mil pessoas em 34 países.
O tratamento deve ser constante, entre cuidados em casa, clínicas especializadas em pele e até suplementos. A ideia é fortalecer a barreira da pele, de acordo com a farmacêutica Fernanda Chauvin, especialista em dermatocosmética.
Para isso, é importante usar produtos com ceramidas, ácidos graxos e colesterol. Nos tratamentos clínicos, lasers ajudam a reduzir as manchas e melhorar o tom da pele.
Em casa, o principal cuidado é evitar o sol, usando sempre protetor solar, boné ou chapéu, além de aplicar água termal para acalmar a pele nos dias quentes. Suplementos como o Ômega 3 também são úteis, pois agem como anti-inflamatórios.
“É importante ter paciência, pois o tempo de tratamento será proporcional à idade da mancha, quanto antes começar o tratamento melhores podem ser os resultados. O melasma não tem cura mas pode ser muito reduzido e controlado”, completa.
A especialista também diz que os produtos vendidos em farmácia, que contêm em sua composição ácido retinóico e hidroquinona, usados também para tratar outros problemas de pele, devem ser prescritos por dermatologistas.
“Esses produtos podem causar fotossensibilidade, ou seja, reações na pele quando a pessoa se expõe ao sol, mesmo de forma leve. Além disso, quando usados de maneira inadequada ou interrompidos abruptamente, podem causar efeito rebote, piorando o melasma.”
Por outro lado, existem produtos cosméticos mais suaves, sem ingredientes como ácido retinóico e hidroquinona, que também ajudam no tratamento.
É sempre importante, no entanto, saber qual é a causa do problema, já que as manchas podem ter várias origens. Usar produtos sem orientação pode, em alguns casos, causar inflamação e até aumentar as manchas.
Um diagnóstico preciso e cuidados personalizados são essenciais para um tratamento seguro e eficaz, prevenindo hiperpigmentação causada por rotinas inadequadas de skincare, diz Joyce Rodrigues.
Para prevenir o melasma, a ideia é controlar os agentes que causam danos à pele, reduzir a inflamação crônica, diminuir a vascularização e controlar a produção de melanina, afirma Chauvin.
Ela recomenda medidas de prevenção que incluem proteger a pele com protetor solar, usar hidratantes e bruma ou água termal, optar por ambientes frescos e arejados, e sempre proteger-se do sol com viseira ou chapéu.
“O mais importante no tratamento do melasma é controlar a inflamação. Sol, calor, mudanças hormonais e estresse aumentam a inflamação crônica, o que leva a um estímulo dos melanócitos”, diz Chauvin.
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