A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, é umas das vencedoras do prêmio Campeões da Terra, maior honraria ambiental da ONU (Organização das Nações Unidas), neste ano.
A láurea, anunciada nesta terça-feira (10) pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), tem o objetivo de homenagear indivíduos e organizações cujas ações têm um impacto transformador no meio ambiente.
Em 2024, foram premiadas “pessoas e organizações que estão trabalhando em soluções inovadoras e sustentáveis para restaurar terras, aumentar a resiliência à seca e combater a desertificação”.
Sonia Guajajara, 50, venceu na categoria “liderança política”. Na apresentação do resultado, a organização enfatizou seu envolvimento na defesa dos direitos indígenas há mais de duas décadas.
“Guajajara se tornou a primeira ministra dos Povos Indígenas do Brasil e a primeira ministra indígena do país em 2023. Sob sua liderança, dez territórios indígenas foram demarcados, afastando o desmatamento, a extração ilegal de madeira e o tráfico de drogas”, afirmou o Pnuma, em nota.
A ministra afirmou que sua vitória “reforça a responsabilidade e o compromisso de seguirmos defendendo [o meio ambiente] e conscientizando as pessoas sobre a urgência de protegermos a biodiversidade do nosso planeta”.
Enfatizando que o mundo vive um momento desafiador em várias dimensões, inclusive no ponto de vista social, ambiental e político, ela reforçou o papel dos povos indígenas nos esforços de conservação da natureza.
“A sociedade pode aprender muito com o bem-viver indígena. Nossos modos de vida são baseados no respeito à mãe Terra, no respeito à natureza e a todos os seres que partilham esse tempo e espaço conosco, seres humanos, na prevalência dos interesses coletivos em relação aos interesses individuais”, afirmou.
“A valorização da luta e do conhecimento ancestral dos povos indígenas pela manutenção da floresta em pé é essencial para conseguirmos mudar esse cenário”, completou a ministra.
Nascida na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, Sonia Guajajara se mudou ainda na infância para Imperatriz. Formada em letras, ela foi, em 2018, candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos pelo PSOL. Em 2022, foi eleita deputada federal por São Paulo pelo mesmo partido.
Também em 2022, a revista Time escolheu Guajajara como uma das cem pessoas mais influentes do mundo.
Concedido anualmente desde 2005, o prêmio Campeões da Terra já teve 122 laureados “por sua liderança ambiental excepcional e inspiradora”.
Na categoria liderança política, outras duas brasileiras já haviam sido agraciadas. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ganhou em 2007, durante sua primeira passagem pela chefia da pasta.
Em 2013, foi a vez de Izabella Teixeira, que também ocupava então o posto de ministra do Meio Ambiente.
Além de Sonia Guajajara, o Pnuma premiou outras cinco pessoas neste ano.
Amy Bowers Cordalis, defensora dos direitos indígenas que “usa sua experiência jurídica e paixão pela restauração para garantir um futuro melhor para a tribo Yurok e o rio Klamath nos Estados Unidos” foi homenageada na categoria “inspiração e ação”.
O defensor ambiental romeno Gabriel Paun, que já recebeu ameaças de mortes e foi agredido por expor a devastação na floresta mais antiga da Europa, foi contemplado na mesma categoria. Ele é fundador da organização não governamental Agent Green, “que tem ajudado a salvar milhares de hectares de preciosa biodiversidade na cordilheira dos Cárpatos desde 2009”.
O cientista chinês Lu Qi, que trabalhou por três décadas “ajudando a China a reverter a degradação e encolher seus desertos” foi o vencedor em ciência e inovação.
Na categoria “conquista de uma vida”, o prêmio foi para o ecologista indiano Madhav Gadgil, cujo trabalho “influenciou muito a opinião pública e as políticas oficiais sobre a proteção dos recursos naturais”.
Na categoria “visão empreendedora”, a homenageada foi a iniciativa de agricultura sustentável SEKEM, que ajuda mais de 40 mil agricultores no Egito a fazerem uma transição para uma agricultura mais sustentável.
“Sua promoção da agricultura biodinâmica, além do trabalho de florestamento e reflorestamento, tem transformado grandes áreas de deserto em prósperos negócios agrícolas, promovendo o desenvolvimento sustentável em todo o país”, destacou o Pnuma.