E terminou neste domingo (8) mais uma edificante edição do principal torneio futebolístico do país, o Campeonato Brasileiro. E é preciso mais uma vez parabenizar o justo campeão, o Botafogo.
Este é o momento para dizer que o time alvinegro do Rio teve o melhor elenco, o melhor conjunto (não são a mesma coisa) e o melhor técnico do ano. Também tem o pior dirigente: João Textinho lembra muito os piores momentos de Eurico Miranda, mas não é hora de falar disso, ou da falta de fair play financeiro —que não é culpa do Botafogo.
Mas o que esse ilustre campeonato nos deixa como ensinamento? Em primeiro lugar, uma lição matemática: três pontos na primeira rodada não são iguais aos mesmos três pontos na última rodada. É importante como termina, não como começa.
Veja o Corinthians, para ficar apenas em um bojudo exemplo: o time de Augustus Melos —o presidente sem plural e que não poupa esforços nem reforços (dizem que quem não paga não precisa poupar)— foi vice-campeão do segundo turno, com 37 pontos, depois de somar 19 no primeiro turno, e termina o torneio com a torcida comemorando.
Mas, se os turnos fossem invertidos, apesar dos mesmos 56 pontos totais, estariam pichando o muro, pedindo impeachment e, pior, fazendo piada com o artilheiro Yuri Alberto.
Portanto, a matemática pode, sim, ser uma traíra.
Este humilde escriba também gostaria de puxar a fila dos pedidos de desculpas a Yuri, o atacante mais chacotado do primeiro turno —ao lado de Pedro Raul, seu parceiro estético no Corinthians.
O atacante termina o campeonato como artilheiro, com 15 gols, ao lado de Alerrandro, do Vitória, que tem dois Rs e pertence ao Bragantino. É um número de gols chinfrim para uma artilharia? Até é, mas tem sua dignidade.
Depois de deixar o tratamento de luzes de lado e adotar o tom real de seu couro capilar, Yuri deu uma arrancada espetaculosa rumo ao topo. Nos últimos nove jogos, foram oito gols.
Assim, Yuri e Pedro Raul, a mais bela dupla da história do Corinthians, finaliza o certame com 15 gols, incluindo os 15 de Yuri. Não farei mais contas.
Já no Palmeiras, o honroso segundo lugar não caiu bem —posição que deveria ser comemorada diante desse Botafogo. O professor Abel, tão bom em entrevistas passadas, poderia ter tido um discurso um pouco melhor depois da sofrível última rodada. Saber perder também é uma arte.
Round 38 – Carnificina pós-crédito
Antes da última semana de torneio, tivemos a última morte no temido Round 38, versão 2024: Gabriel Milito, do Atlético-MG, podia perder para o Flamengo, na Copa do Brasil, ou para o Botafogo, na Libertadores; mas não podia perder para o Vasco no Brasileiro.
Assim, seis professores sobreviveram desde o Round 1 do torneio: brasileiros 3 (Rogério Ceni, Renato Gaúcho e Cláudio Tencati) x 3 Estrangeiros (Artur Jorge, Abel Ferreira e Juan Pablo Vojvoda). E ainda tem Roger Machado, professor que atuou nas 38 rodadas, apesar de ter trocado de time no caminho, mas vamos considerar a vitória brazuca: 4 x 3.
No entanto, como acontece naqueles filmes de terror, com cenas surpresas pós-créditos, já tivemos mais duas mortes no dia seguinte ao fim do Brasileiro: Renato Gaúcho (Grêmio) e Tencati (Criciúma) foram, digamos, descontinuados.
Pedimos um minuto de silêncio.
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