O Botafogo acaba de se igualar ao Flamengo de 2019 ao ganhar a Taça Libertadores e o Campeonato Brasileiro na mesma temporada.
Cinco anos depois outro treinador português como Jorge Jesus atinge tamanho feito.
O time de Artur Jorge pode não ser tão encantador, embora dê muito gosto vê-lo jogar, e também não deixou dúvida sobre sua superioridade.
Comparar o que fizeram Flamengo e Botafogo com as conquistas do Santos em 1962/63 é puro revisionismo que Josef Stalin assinaria, porque não se pode comparar a Taça Brasil com o Brasileiro.
Este time de 2024 também não é o melhor da História do clube, mas é o maior.
Melhor que Manga, Cacá e Nilton Santos; Zé Maria, Pampolini e Rildo; Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo é simplesmente impossível nos dias que correm, porque estariam quase todos, se não todos, na Europa.
Era um Botafogo imbatível, inferior só ao Santos do Rei na mesma época, começo da década de 1960.
Como se sabe o esquadrão de General Severiano, misturado com o da Vila Belmiro, deu duas Copas do Mundo ao Brasil, em 1958 e 1962, mas jamais ganhou o Campeonato Brasileiro, porque não existia, nem a Libertadores, porque o Santos não permitiu.
Em 1962, quando decidiram a Taça Brasil, o Santos venceu por 4 a 3 no Pacaembu, o Botafogo deu o troco no Maracanã, com 102 mil torcedores, por 3 a 1, e forçou o desempate, que, ainda no Rio, terminou com histórico 5 a 0, gols de Dorval, Coutinho, Pelé (2) e Pepe.
Eram outros tempos, em todos os sentidos, tão diferentes que a rara leitora e o raro leitor talvez nem imaginem.
Existe diferença sútil entre ser o maior e ser o melhor.
Por exemplo: Cássio é o maior goleiro nos mais de cem anos da fundação do Corinthians. Dida foi melhor que ele.
Este Botafogo é o maior, mesmo que individual e coletivamente seja menos excelente que os dos anos 1960.
Luiz Henrique é arrasador, Mané Garrincha era de outro planeta; Savarino é excelente, Didi também era de outro planeta, e Almada talvez ainda possa superar Zagallo, só o futuro dirá.
O 2 a 1 sobre o São Paulo teve apenas o sentido de confirmar o esperado, desnecessário para provar coisa alguma a ninguém, noves fora a ansiedade e o alívio de terminar o segundo trabalho de Hércules depois da epopeia no Monumental de Núñez.
Dito tudo isso, contextualizado com o rigor possível sobre o significado das coisas, nada mais a dizer ou exigir deste punhado de jogadores que passam a abrilhantar a galeria de botafoguenses históricos.
Na quarta-feira (11), às 14h, em Doha, no Qatar, o Botafogo enfrentará os campeões invictos da Concaf, os mexicanos do Pachuca, já eliminados do Campeonato Mexicano.
Eles chegaram ao palco da novamente chamada Taça Intercontinental na sexta-feira e estarão com o sono em dia, ao contrário dos brasileiros, que voarão por 15 horas e chegarão 48 horas antes do jogo, com seis horas de fuso horário para tirar dos corpos e mentes. Simplesmente desumano.
O melhor seria agradecer o convite e declinar, algo impensável, bem sabemos, na máquina de moer atletas do calendário mundial do futebol.
O incrível é constatar que nem comemorar títulos como deveria o torcedor pode, porque logo aparece outro desafio.
Viva o Botafogo, herói em cada jogo!
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