Menos de um ano depois do Aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro, ter tido parte dos voos transferida para o Tom Jobim/Galeão, a estatal Infraero pediu ao governo para ampliar novamente as frequências. O pedido, que está em análise pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), foi duramente criticado pelo prefeito carioca Eduardo Paes (PSD-RJ) nesta quarta (4).
A transferência de grande parte dos voos domésticos para o Galeão ocorreu no começo deste ano após meses de negociações. Paes pedia a redução das frequências no Santos Dumont por conta do baixo uso da capacidade do terminal internacional.
“Não tem essa conversa. É uma questão de honra a recuperação do Galeão. A coisa está indo muito bem, mais um presente do presidente Lula ao Rio de Janeiro”, disse Paes após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Enquanto que, em 2023, o aeroporto do Galeão recebeu apenas 7,8 milhões de passageiros, o Santos Dumont teve 11,4 milhões. Após a transferência, em 2024, estes números se inverteram: 14,3 milhões e 6,1 milhões de pessoas (próximo ao limite estabelecido de 6,5 milhões), respectivamente.
De acordo com Paes, Lula se mostrou disposto a “chamar a atenção” dos ministros envolvidos nesse pedido – entre eles Silvio Costa Filho, do MPor – para que o Galeão seja ainda mais fortalecido.
“Causou estranheza ao presidente que tenha saído essa notícia hoje [sobre os estudos]. Essa é uma decisão do presidente, de que o Galeão seja fortalecido. O Santos Dumont tem o seu papel a cumprir”, emendou o prefeito citando, ainda, os ministros Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e Rui Costa (Casa Civil).
Paes chegou a chamar a possibilidade de ampliação dos voos no Santos Dumont de “lobby dessa gente é um negócio inacreditável”. “Não acontecerá”, disparou.
Ainda na quarta (4), o MPor emitiu uma nota afirmando que não alteraria a portaria que limitou os voos no aeroporto Santos Dumont. No entanto, pontuou que realizará uma avaliação em 2025 para apurar os resultados da restrição após um ano.
A pasta informou que a Infraero pediu “uma pequena ampliação na movimentação de passageiros”, mas sem explicar de quanto seria essa alteração.
“O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), por meio da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), esclarece que não há nenhuma alteração na portaria que trata sobre a limitação operacional de passageiros no aeroporto Santos Dumont, estabelecida em janeiro deste ano, após um amplo debate envolvendo a Prefeitura e o Governo do Estado do Rio de Janeiro, Infraero, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Tribunal de Contas da União (TCU), companhias aéreas, concessionárias e este Ministério”, disse o ministério
O MPor informou, ainda, que trabalha para fortalecer as operações no Galeão e que, desde o início das restrições no Santos Dumont, já teve uma movimentação de passageiros 4,5% maior e de 25% de cargas.
Na quarta (4), o secretário de Aviação Civil da pasta, Tomé Franca, afirmou que o Santos Dumont tem capacidade para receber mais passageiros do que os 6,5 milhões permitidos atualmente. No entanto, outros fatores serão considerados para a ampliação, como o número de passageiros internacionais e de cargas no Galeão.
“Nós estamos fazendo uma avaliação da política pública, nós concluímos essa avaliação após um ciclo de 12 meses que se encerra em janeiro, e todos os resultados da medida de restrição do aeroporto Santos Dumont estão sendo observados”, disse à TV Globo.