Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo nesta quinta-feira (5), a líder opositora venezuelana María Corina Machado disse que permanece na Venezuela e reafirmou sua convicção de que a o país está à “beira de uma mudança política”. María Corina, alvo de perseguição do regime do ditador Nicolás Maduro, garantiu que continua trabalhando ativamente por uma transição democrática no país.
Contrariando as acusações de Maduro, que chegou a afirmar que ela teria abandonado o país, María Corina garantiu que está em solo venezuelano.
“Eu estou aqui, com os venezuelanos, consciente do momento em que vivemos, acusada de terrorismo e traição à pátria”, disse. A líder opositora também comentou as ameaças à sua segurança, revelando que as forças de segurança do regime chavista estão em busca de sua captura, mas afirmou estar firme na luta pela democracia.
Na entrevista, María Corina afirmou que regime de Maduro está “frágil”. Ela destacou que o chavismo está exposto internacionalmente por sua natureza ditatorial e seus crimes, mencionando as investigações em curso no Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre crimes contra a humanidade, que também já foram denunciados pela ONU, além da repressão crescente no país.
“Todos os que conhecem Venezuela sabem o momento decisivo, único, épico, que estamos vivendo”, declarou.
María Corina também falou sobre o dia 10 de janeiro de 2025, data em que Maduro diz que tomará posse para um terceiro mandato, após fraudar as eleições de julho. Ela afirmou que, caso Maduro decida resistir à transição democrática, poderá se isolar ainda mais no cenário internacional, com pressões internas e externas aumentando. A líder opositora mencionou a importância de Edmundo González Urrutia, o candidato da oposição eleito em julho, ser reconhecido como presidente eleito da Venezuela, pontuando que ele deve ser empossado como o presidente constitucional em 10 de janeiro.
A situação migratória foi outro ponto abordado por María Corina. Ela afirmou que a permanência de Maduro no poder resultaria em um agravamento da crise migratória na América Latina, que já lida com milhões de venezuelanos que são forçados a deixar seu país. María Corina explicou que a imigração em massa da Venezuela tem sido usada por Maduro como uma ferramenta de desestabilização regional, mas acredita que uma transição ordenada pode não apenas estancar os fluxos migratórios, mas também permitir o retorno dos venezuelanos ao país.
“Se Maduro prolonga esta tragédia, podemos ver a 2, 3 ou 4 milhões de venezuelanos cruzando essa fronteira. É uma tragédia para nós, mas também desestabiliza a região”, destacou.
Em sua análise sobre a situação política internacional, María Corina comentou sobre o apoio de países como Estados Unidos, que, segundo ela, estão cada vez mais próximos de reconhecer Edmundo González como o legítimo presidente da Venezuela. Ela também destacou a importância da União Europeia se posicionar contra o regime de Maduro e apoiar a transição democrática.
“Precisamos que a Europa atue com mais firmeza”, afirmou, ressaltando que Maduro tem se envolvido com redes criminosas, como o narcotráfico e o contrabando, o que agrava ainda mais a corrupção do regime.
Por fim, María Corina fez um apelo à diáspora venezuelana, que, segundo ela, tem sido a voz internacional da oposição. Ela pediu que continuem a mobilização, lembrando que as pressões externas têm sido fundamentais para dar visibilidade à causa venezuelana.
“Nos fizemos ouvir e o promotor do TPI falou sobre a Venezuela. Sim, a pressão funciona”, concluiu.