O senador Cid Gomes (PSB) negou ruptura com o PT do governador do Ceará, Elmano de Freitas, e rejeitou divergências relacionadas à presidência da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). Em declaração pública na terça-feira (3), em Brasília, ele afirmou que a escolha do seu aliado, o deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT), para ocupar a presidência da Casa foi resultado de uma decisão coletiva, envolvendo o próprio governador, o ministro Camilo Santana (PT) e ele.
Gomes destacou que a configuração da Mesa Diretora do Legislativo estadual reflete a proporcionalidade dos partidos na Casa, ressaltando o PDT como a maior bancada. “O que aconteceu na Assembleia, a meu juízo, foi representar-se na mesa diretora a proporção dos partidos. O PDT é o partido que tem a maior quantidade de deputados e, por conta disso, ficou na presidência. Acho isso bem razoável. Mas não é vitória de ninguém”, declarou, negando existência de disputa interna.
Sobre as notícias de ruptura com o grupo poítico, mais uma vez ele negou. “Você ouviu alguma declaração minha? Nunca falei que rompi ou que estava rompendo minha relação com Elmano. Eu me manifesto publicamente sobre o que penso”, afirmou. As declarações de Cid Gomes foram feitas após reunião sobre emendas parlamentares, da qual Elmano de Freitas também participou.
Em resposta a um jornalista do veículo de comunicação O Povo, o governador do Ceará disse que a aliança política está sólida e comentou sobre a eleição da mesa diretora do Legislativo. “Não teve disputa. É uma mesa de todas as forças políticas que decidiram integrar a diretoria, não apenas uma representação da base do governo”, concluiu.
Dos 46 deputados estaduais, 44 votaram a favor do nome de Aldigueri, um não compareceu (Carmelo Neto, do PL) e um votou contra (Pastor Alcides, também do PL, pai do ex-candidato à prefeitura de Fortaleza, André Fernandes).
Em novembro, interlocutores de Gomes falaram em rompimento
No mês passado, Cid Gomes deixou correrem informações de que estaria insatisfeito com o “acúmulo de poder” do PT no estado, pelo fato de o partido concentrar os cargos de governador, de prefeito de Fortaleza e ainda indicar o petista Fernando Santana para a presidência da Alece. A deputada estadual Lia Gomes (PDT), irmã de Cid, foi quem disse pela primeira vez que o senador estaria rompendo com Elmano de Freitas, o que foi confirmado pelo presidente do PSB no Ceará, Eudoro Santana.
Cid Gomes, por sua vez, evitou ele mesmo falar em rompimento, mas aproveitou o burburinho para reunir-se com outras lideranças políticas do estado e demonstrar sua força sobre a base aliada do governador. Não demorou até o próprio Fernando Santana renunciar da candidatura à presidência da Alece, evidenciando um erro na articulação política governista e, sobretudo, a fragilidade dos laços que unem Cid ao grupo.
Para encerrar a crise, Freitas ainda deve dar uma secretaria para Santana. A informação foi dada por Aldigueri, líder do governo na Alece e recém-eleito presidente da Casa, em entrevista a rádios locais. “Acredito que o deputado Fernando foi chamado e deverá assumir uma cadeira de secretário estadual. Deve estar indo para o governo nessa minirreforma administrativa que o governador deve operar agora em dezembro para começar a partir de 1º de janeiro”, afirmou.