Uma polêmica em torno de uma jogadora transgênero do time de vôlei da Universidade Estadual de San José, o Spartans, chegou à Justiça e colocou o campeonato no centro de um dos debates mais acalorados dos Estados Unidos.
O time perdeu no último sábado (30) para o Colorado State e encerrou a participação na temporada deste ano na Mountain West Conference, liga dos jogos universitários da Califórnia, mas a controvérsia que cerca o assunto está longe de acabar.
A participação de atletas transgêneros em esportes foi uma das questões levantadas pelo presidente eleito Donald Trump durante a campanha.
Ele afirmou repetidas vezes que baniria essas atletas de participarem de times femininos. Em um comício, na Virgínia, ele levou ao palco nadadoras que atuam contra a participação de pessoas transgêneros em esportes e usou o episódio para dar holofote ao tema.
Trump também prometeu revogar uma ordem do presidente Joe Biden contra a discriminação de pessoas homossexuais e transgêneros nas escolas, o que tem causado grande preocupação a estudantes e a quem atua pelos direitos desta população.
No caso do time de San José, a polêmica começou em abril deste ano, quando um site conservador publicou que havia uma atleta transgênero no Spartans.
A jogadora em questão já havia participado de três temporadas do campeonato universitário. O caso só veio à tona depois da publicação. Nem a universidade nem o time confirmam a identidade e a história da jogadora por conta da legislação nacional que protege membros da comunidade LGBTQIA+.
Jogadoras de outros times e da mesma equipe da atleta alvo da publicação do site conservador se revoltaram. Em abril, dez jogadoras da liga Mountain West, entre elas uma das capitãs do Spartans, entraram com uma ação na Justiça para impedir a atleta de jogar no campeonato.
O processo foi direcionado contra o técnico do time, Todd Kress, a universidade e a liga Mountain West Conference. Na semana passada, dois juízes negaram o pedido da ação e liberaram a participação da atleta justificando que ela está protegida pela diretriz nacional que trata do tema.
Sem impedimentos na Justiça, o time avançou para a final do campeonato, mas sofreu o boicote de outros times. Ao menos seis partidas que deveriam ter sido jogadas na liga não ocorreram por desistência dos adversários, que agiram em protesto à jogadora transgênero. Isso não impediu que os estádios fossem palco de manifestações, com faixas a favor e contra a participação da atleta.
Somente no sábado, na final, os Spartans jogaram e perderam para o Colorado State, por três sets a um, e não avançaram para o torneio nacional de vôlei.
Após o jogo de sábado, Kress deu entrevista à Fox New, no qual tratou do tema. “Eu não vou suavizar a nossa realidade dos últimos dois meses. Nossa equipe se preparou e estava pronta para jogar cada partida de acordo com as regras estabelecidas pela Mountain West e pela NCAA. Não tiramos as oportunidades de participação de ninguém”, disse Kress.
Brooke Slusser, uma das capitãs do time, que ingressou com a ação contra a participação da colega atleta nos jogos, disse em entrevistas que não teve o direito de opinar sobre a participação ou não da colega na equipe. Afirmou ainda que é contra a participação de homens em times femininos.
Melissa Batie Smooths, uma assistente técnica do Spartans entrou com a ação junto com Slusser e também reclamou da postura do técnico e da universidade em entrevista à Fox News.
“A justiça no jogo está sendo retirada das mulheres. Precisamos de mais e mais pessoas fazendo isso e lutando essa batalha, porque os esportes femininos, como os conhecemos agora, serão para sempre alterados”, disse à emissora.
Segundo o jornal The New York Times, a Justiça tem favorecido as atletas transgêneros em ações que questionam sua participação.
De acordo com o veículo, há processos do tipo em todos os estados. Levantamento do Movement Advancement Projectes, que defende os direitos da população LGBTQIA+, 25 estados proibirem atletas transgêneros de competir em times do gênero com os quais se identificam, mas algumas leis estão suspensas enquanto são debatidas na Justiça.