O homem jogado por policiais militares em um córrego na rua Padre Antônio de Gouveia, na região de Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, não foi a única ocorrência na madrugada de segunda-feira (2) no endereço.
A Folha teve acesso a um documento da PM que indica que um homem foi baleado naquele local por volta da 1h30, ou seja, horário próximo em que um policial foi flagrado lançado uma pessoa ainda não identificada no rio.
De acordo com o documento, o homem relatou que estava com a esposa em um baile funk que acontecia na via. Com a chegada de policiais militares houve uma dispersão. O homem teria dito não estar se sentido bem e pedido para retornar para casa. Lá a esposa teria identificado um tiro no corpo dele.
O baleado foi socorrido para um hospital em Diadema, na Grande São Paulo. Posteriormente, policiais militares foram avisados do ocorrido. Eles tentaram registrar a ocorrência no 26º DP (Sacomã), na zona sul da capital, mas não teriam conseguido, após o delegado de plantão dispensar a elaboração do documento.
Ainda não é possível saber se há conexão entre o caso do homem baleado e o do que foi jogado da ponte. Também não se sabe se o homem foi baleado por um tiro disparado por um policial militar.
A Prefeitura de Diadema não retornou o contato da reportagem.
O caso do homem lançado no rio é investigado pela Polícia Militar. O caso teria começado com policiais militares perseguindo motociclista em Diadema, cidade vizinha a da capital, até chegar à rua Padre Antônio Gouveia.
Imagens mostram um policial levantando uma moto do chão. Em seguida, outros dois PMs se aproximam, enquanto o primeiro encosta o veículo perto da ponte. Um quarto policial chega logo depois, segurando um homem que vestia uma camiseta azul. Esse homem é arremessado pelo PM.
Os agentes de segurança envolvidos na perseguição pertencem à Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) do 24° Batalhão de Polícia Militar, com sede em Diadema. Uma viatura da Força Tática do mesmo batalhão foi vista no local, de acordo com o documento da PM.
O ponto em que o homem foi lançado está dentro da capital, ou seja, na área de outra unidade, o 3º Batalhão de Polícia Militar.
Nesta terça-feira policiais militares estiveram no endereço em busca de imagens de comércios que possam desvendar o caso.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse na manhã desta terça-feira (3) que policial militar que “atira pelas costas” ou “chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte” não está à altura de usar a farda da corporação.
Em publicação nas redes sociais, o governador afirmou ainda que os casos serão “investigados e rigorosamente punidos”.
O outro caso ocorreu no dia 3 de novembro. Gabriel Renal da Silva Soares, um homem negro de 26 anos, foi morto a tiros pelas costas disparados por um policial militar de folga em frente a um mercado no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo.
Os disparos ocorreram depois quando o rapaz tenta deixar o local levando produtos de limpeza furtados. Imagens de câmeras de segurança mostraram toda a ação.