No aplicativo de relacionamento Tinder, 2024 é o ano dos cachorros. Os donos de caninos receberam mais curtidas do que as pessoas que criam gatos, mostra a pesquisa do app Year in Swipe —ano em deslizadas, em tradução literal, numa referência ao uso do app, no qual as pessoas deslizam para a direita da tela do smartphone os perfis de preferência.
O aplicativo levantou os dados a partir das informações disponíveis nas descrições autobiográficas de cada perfil dos usuários brasileiros. Quem não tem pet fica em último lugar na lista de curtidas recebidas.
Os cães também são referência de personalidade entre os solteiros, mostra outra pesquisa realizada em Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália, com 4.000 usuários de idade entre 18 e 30 anos. Entre os respondentes, 45% buscam alguém com os traços comportamentais associados a um Golden Retriever: uma pessoa leal, amigável, entusiasmada e cheia de otimismo, segundo o Tinder.
Segundo esse levantamento em países anglófonos, a má higiene é o fator que mais afasta pretendentes, sendo motivo de reclamação de metade dos usuários. Ser grosso (44%) e falar demais do ex (34%) também frustra os pretendentes. Não conseguir estabelecer limites entre a vida pessoal e o trabalho é base de 22% das reclamações.
No Brasil, as informações dos usuários indicam que os solteiros estão mais exigentes, ou ao menos mais transparentes em relação aos seus critérios. A expressão “procurando por” foi a mais repetida nas biografias disponíveis nos perfis do app. A tendência, segundo a empresa, evita conversas sem propósito e ajuda os solteiros a irem direto ao ponto.
Contudo, há ainda uma confusão de expectativas entre os usuários. Enquanto 65% das mulheres supunham que os homens procuravam encontros casuais, apenas 29% dos usuários do sexo masculino declaram buscar essa modalidade de relacionamento.
Nessas condições, ganha espaço uma nova abordagem sentimental, os chamados minirrelacionamentos. De acordo com a sexóloga Mariana Oliveira, tratam-se de relacionamentos amorosos de curta duração, sem pretensões de que se prolonguem, em que há um vínculo afetivo, apesar do descompromisso ao longo prazo.
Esses romances rápidos envolveriam demonstrações de afeto públicas e cumplicidade, o que nem sempre ocorre em um encontro casual.
Segundo a psicóloga clínica Magda Tartarotti, relacionamentos amorosos, hoje, funcionam com menor investimento emocional, com pouca durabilidade e baixa tolerância a conflitos. Ao mesmo tempo, as pessoas expressam desejo de ter uma relação de companheirismo, amor e respeito. “Daí, vem o paradoxo.”
Para a psicóloga, o imediatismo nas relações pode levar as pessoas a trilharem “um caminho de isolamento e autoconhecimento medíocre”, já que os relacionamentos envolvem processos de humanização e transformação.
Embora prefiram conversar pessoalmente, os solteiros privilegiam quem passa o dia disponível no WhatsApp às pessoas que demoram a responder.
Bons momentos compartilhados, toque físico e elogio são, na sequência, os sinais de carinho mais apreciados pelos brasileiros no app.
Os usuários do Tinder ainda estão poupando mais as curtidas, para privilegiar encontros mais relevantes. Em outras palavras, está mais difícil conseguir “matches” no app.
Segundo a pesquisa, quase 20% dos solteiros também recorreram às novas funções do aplicativo para pedir que um amigo aprovasse o encontro, verificando os perfis do pretendente nas redes sociais.
Outro referencial usado pelos usuários do app é o signo astrológico. Os preferidos são, em ordem, touro, áries, aquário, peixes e leão.
A profissão de maior sucesso no Tinder brasileiro é a dos jornalistas, seguida por dentista, fisioterapeuta, CEO e ator.
Mais conhecido pela traição à cantora Luiza Sonza, Chico Moedas foi o influenciador mais citado em conversas no app.