O Estado-Maior da Polícia Militar afastou nesta segunda-feira (2) o capitão Diogo Costa Cangerana, preso em uma operação da Polícia Federal contra uma organização criminosa responsável por um esquema bilionário de lavagem de dinheiro.
Até setembro deste ano, o suspeito atuava na Casa Militar, órgão responsável pela segurança do Palácio dos Bandeirantes e que coordena áreas estratégicas de defesa. Antes de ser preso, ele prestava serviço no 13º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, na região central de São Paulo.
O período de afastamento devido à prisão preventiva, contato a partir de 26 de novembro, pode durar até dois anos e não permite o recebimento de vencimentos e de outras vantagens, segundo decreto publicado no Diário Oficial do Estado e os artigos e incisos da lei sobre inatividade militar citados na publicação.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não comentou a decisão. Na semana passada, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) prometeu a “pior punição possível” para o policial militar preso.
Tarcísio ainda afirmou que o governo desconhecia o envolvimento do militar com atividades suspeitas sob investigação federal e negou que o suspeito chefiasse a sua segurança.
“Ele não era chefe de segurança. Ele prestou serviço na Casa Militar. Estava lá há 14 anos e foi mandado embora. Não estava lá desde setembro. Trabalhou lá durante 14 anos, com vários governadores, e quando cheguei, ele foi embora. Se a gente soubesse de alguma coisa, obviamente, teria saído há muito mais tempo”, disse Tarcísio.
“Obviamente, toda instituição, infelizmente, a gente tem essas maçãs podres, e essas maçãs podres nós vamos tirar desse cesto”, declarou o governador, defendendo a Polícia Militar.
Operação da Polícia Federal realizada em 26 de novembro contra uma suposta organização criminosa de lavagem de dinheiro teve como um dos presos o capitão da PM, agora afastado. A Folha não conseguiu contato com a defesa do policial.
A operação investiga a prática de crimes contra o sistema financeiro, evasão de divisas e lavagem de dinheiro que teriam movimentado R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos, sendo R$ 800 milhões em 2024.
Segundo o governo estadual, o suspeito ingressou na Casa Militar em abril de 2012 e permaneceu na unidade até setembro deste ano, quando foi transferido para o 13º Batalhão de Policia Militar Metropolitano, na região central da capital paulista.
Também foi preso o policial civil Cyllas Elia, que segundo o governo está afastado de suas funções desde dezembro de 2022. Ele é dono da instituição financeira 2GO Bank. Procurada, a empresa afirmou que está colaborando com as investigações e segue à disposição das autoridades. A reportagem fez contato com a defesa de Elia, mas não recebeu resposta.
Elia é uma das pessoas delatadas por Vinicius Gritzbach por suposto envolvimento em um esquema de corrupção policial. Gritzbach, que também delatou integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), foi morto em um ataque no aeroporto de Guarulhos no início do mês.