Cada vez menos presentes nos domicílios brasileiros, os computadores, especialmente os notebooks, ainda continuam relevantes para muitas tarefas profissionais, educacionais e culturais.
Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE, o tipo de dispositivo mais usado para acessar a internet em 2023 foi, disparado, o celular (98,2%), seguido pela televisão (49,8%) e pelo microcomputador (34,2%).
Em 2016, a proporção era quase duas vezes maior, de 63,2%. Mesmo desprestigiados, ainda são melhores para tarefas que exigem produtividade e potência maiores, como edição de conteúdo, programação, análise de dados, pesquisa acadêmica e até videogames.
Do processador à bateria, entender uma série de características podem ajudar na hora de escolher qual modelo comprar, ainda mais com o preço variando de cerca de R$ 1.000 a mais de R$ 10 mil.
Veja a seguir o que levar em conta ao comprar um notebook.
1. Marca
A marca de um notebook costuma ser a primeira característica com a qual o consumidor se depara na hora da compra.
As principais marcas do mercado brasileiro são Samsung, Dell, Acer, Lenovo, Asus, Positivo e Apple.
Com exceção da Apple, geralmente as marcas abrangem vários tipos de público, como tradicional, corporativo e gamer, e de preço, com modelos de entrada, intermediários e premium.
2. Preço
Notebooks mais caros geralmente oferecem as melhores configurações, mas é importante avaliar se essa capacidade extra será realmente necessária para seu tipo de uso.
Por exemplo, navegar na internet, editar documentos e assistir a filmes e séries será possível em produtos de todas as faixas de preço.
O mercado tem modelos de entrada, intermediários e premium. A faixa de preço varia, com os primeiros geralmente custando até cerca de R$ 2.500, oferecendo especificações suficientes para atividades simples.
Os intermediários, que variam de cerca de R$ 2.500 a R$ 5.000, equilibram custo e desempenho, sendo geralmente as melhores opções para trabalho e entretenimento com fluidez.
Já os modelos premium, acima dessa faixa, oferecem o melhor em termos de acabamento e potência. Entram nessa categoria tanto modelos voltado para jogos, com processadores e placas gráficas potentes, quanto aqueles com maior qualidade na construção, como os Dell XPS, Zenbook, Samsung Book Ultra e MacBooks.
3. Tela
Passar horas trabalhando, estudando ou assistindo a séries em um notebook significa passar horas olhando para a mesma tela.
A necessidade de prestar atenção em todas as suas características varia conforme o propósito de uso de cada usuário. Por exemplo, designers precisam estar atentos à qualidade de exibição das cores, enquanto gamers gostam de taxas de atualização maiores, fatores que não impactam tanto a decisão de alguém que só precisa de um computador para escrever documentos.
Começando pelo tamanho, telas menores, de 11″ a 14″, tornam o aparelho mais compacto, o que é ideal para quem costuma carregá-lo de um lado para o outro.
As maiores, de 15″ a 17″, além de oferecerem mais espaço para trabalhar, são úteis para tarefas como edição de vídeos e visualização de gráficos, mas costumam aparecer em aparelhos mais pesados.
A resolução refere-se à quantidade de pixels na tela —quanto maior, mais nítida será a imagem exibida em uma tela do mesmo tamanho. Em ordem crescente, há resoluções como HD (1366×768), Full HD (1920×1080) e até 4K (3840×2160).
Já a taxa de atualização representa o número de vezes que o display é atualizado por segundo. Isso significa que frequências mais altas resultam em uma exibição mais suave. Embora a taxa de 60 Hz seja suficiente para a maior parte dos casos, os 120 Hz oferecidos em notebooks mais caros proporcionam uma experiência de visualização superior.
O tipo do painel também impacta a qualidade da imagem exibida. Telas TN, mais baratas, oferecem ângulos de visualização piores, com cantos “desbotados”; telas IPS têm o melhor equilíbrio, mas sem a mesma qualidade de contraste que as OLEDs, as mais caras.
Para um uso básico, resolução Full HD em um painel IPS com taxa de 60 Hz é suficiente e vai garantir uma boa experiência. Para usos mais avançados, vale a pena procurar resoluções maiores e ficar de olho no brilho, medido em nits, no revestimento da tela e na fidelidade das cores.
4. Processador
Responsável por executar os programas, o processador, ou CPU (unidade central de processamento, na sigla em inglês), tem um papel fundamental na velocidade e na eficiência do notebook.
Como nos outros casos, a escolha deve ser baseada nas necessidades de uso, já que o preço varia de acordo com o desempenho. Os mais comuns são os da Intel, das linhas Core i3, i5, i7 e i9, e da AMD, das linhas Ryzen 3, Ryzen 5, Ryzen 7 e Ryzen 9.
Os computadores da Apple hoje usam chips desenvolvidos pela própria empresa, como os mais recentes M4, M4 Pro e M4 Max.
Processadores mais básicos como Intel Celeron, Core i3 e Ryzen 3 são adequados para tarefas como navegação na internet e uso de programas simples, como o pacote Office. O Core i5 e o Ryzen 5 oferecem um meio-termo para quem busca um desempenho maior nessas tarefas básicas e ainda deseja rodar programas mais pesados.
Mas, para pessoas que usam softwares exigentes com frequência ou lidam com uma grande quantidade de dados, processadores mais potentes como os da linha Core i7, i9 e Ryzen 7 são mais indicados.
Outros fatores também podem ser úteis na hora de decidir, como o número de núcleos, relacionado à capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo; a frequência, medida em gigahertz (GHz), que indica a velocidade com que as operações são executadas; e cache, a memória interna que armazena temporariamente as informações mais utilizadas.
5. Memória RAM
Se poucas abas do navegador abertas ao mesmo tempo são suficientes para deixar seu computador lento, a culpa provavelmente é da memória RAM.
O componente funciona como uma espécie de memória de curto prazo, onde são armazenados temporariamente os dados dos programas em execução. Isso significa que quanto mais RAM o notebook tiver, mais rápido ele lidará com múltiplas tarefas simultâneas.
Computadores com 4 GB de RAM podem até ser suficientes para usos simples, mas, como os programas tendem a ficar mais exigentes com o tempo, eles duram menos e têm pouca margem para realizar trabalhos intensos.
Por isso, 8 GB de RAM é um bom ponto de partida para um uso comum sem preocupações. Nessa configuração, será possível, por exemplo, deixar as várias abas do navegador em paz —de preferência ainda na casa das dezenas— e até rodar alguns programas pesados sem engasgos.
Contudo, para quem usa o notebook o tempo todo para programas exigentes, modelos com RAM acima de 12 GB garantem uma margem mais segura para o uso.
6. Armazenamento
O tipo de armazenamento instalado no notebook não tem a ver só com a quantidade de arquivos que é possível guardar, mas também com a velocidade de inicialização e de transferência de dados do sistema.
As principais opções disponíveis no mercado hoje são os SSDs (Solid State Drives) e os HDs (Hard Disk Drives).
Os HDs oferecem capacidades maiores e preços menores em relação aos SSDs, mas são mais lentos, já que neles o acesso aos dados é feito de forma mecânica nos discos magnéticos.
Como o sistema operacional e outros arquivos estão instalados nesses módulos, a velocidade de inicialização deles estará relacionada à capacidade de leitura, maior nos SSDs, que não têm partes móveis.
Hoje, eles estão mais baratos e comuns, presentes em grande parte dos modelos recém-lançados. Há notebooks com armazenamento em SSD a partir de 128 GB, enquanto os HDs partem de capacidades maiores, como 500 GB ou 1 TB.
Outros modelos ainda combinam SSD com HD, permitindo que o sistema operacional e os aplicativos principais sejam instalados no primeiro, enquanto o segundo armazena arquivos grandes que não precisam de acesso rápido, o que resulta em preços menores.
A capacidade de armazenamento ideal varia conforme o uso e o tipo de arquivo que será salvo. Um SSD de 256 GB pode ser suficiente para quem usa algum serviço de nuvem e só precisa de programas leves, mas pode ser pouco para quem quer, por exemplo, armazenar fotos, vídeos ou jogos no notebook.
7. Placa de vídeo
A placa de vídeo ou GPU é essencial para jogos e outras atividades intensivas em processamento gráfico, como edição de fotos e vídeos, design gráfico e projetos de arquitetura.
As GPUs podem ser integradas ou dedicadas. As primeiras estão embutidas no processador ou na placa-mãe do notebook, compartilhando memória com o sistema. Os modelos mais comuns são Intel UHD Graphics, Intel Iris Xe Graphics, Radeon RX Vega e as placas dos chips M da Apple.
Por outro lado, as placas de vídeo dedicadas têm memória (VRAM) e processador próprios, por isso oferecem maior desempenho gráfico. As mais conhecidas são as séries GeForce RTX e GTX da Nvidia.
Devido à maior potência, essas GPUs consomem mais energia e podem gerar mais calor, o que geralmente resulta em notebooks mais grossos, pesados e com baterias menos duradouras.
Placas integradas tendem a ter desempenho e consumo de energia menores, ideais para computadores ultrafinos, embora algumas, como as dos MacBooks e as Irix Xe Graphics G7, também sejam adequadas para programas mais exigentes.
Para uso básico, como navegação na internet e uso de programas básicos, uma GPU integrada como a Intel UHD Graphics é suficiente. Para quem quiser usar o notebook para jogos ou programas gráficos, uma placa dedicada, a partir da GeForce RTX 2050, é uma boa opção.
8. Bateria
Embora os notebooks sejam um dispositivo feito para quem busca portabilidade, é comum adotá-los como substitutos dos computadores de mesa, mas sem a necessidade de comprar monitor, mouse e teclado.
Mesmo assim, a bateria ainda é um componente importante nesses aparelhos, especialmente para quem pretende levá-los ao trabalho, à faculdade ou a um café.
A capacidade da bateria é medida em miliampere-horas (mAh) ou watt-horas (Wh). Uma capacidade maior geralmente resulta em uma duração maior, mas isso também vai depender da eficiência energética do dispositivo.
Notebooks mais compactos como Dell XPS 13, Zenbooks da Asus, Samsung Book4 e os MacBooks da Apple são conhecidos pela autonomia maior e recarga rápida, enquanto modelos gamer, com maior foco em desempenho em tarefas pesadas, têm baterias com duração menor devido ao consumo energético. Por isso, são vendidos com fontes de alimentação grandes e pesadas, e dificilmente são vistos longe delas.
Se a mobilidade for a prioridade, modelos do primeiro tipo são mais indicados.
Alguns fabricantes também fornecem estimativas de quantas horas de vídeo ou uso misto o dispositivo aguenta com uma carga completa, o que pode ajudar na hora de escolher. Por exemplo, enquanto o MacBook Pro M3 oferece até 22 horas de bateria com a capacidade de 70 Wh, o Galaxy Book4 Ultra tem 21 horas com 76 Wh.
9. Sistema operacional
A maioria dos notebooks no mercado brasileiro vem com Windows, o sistema operacional da Microsoft. Amplamente adotado, ele é intuitivo e compatível com grande parte dos programas e componentes de hardware.
O macOS, desenvolvido pela Apple, é exclusivo dos Macs e tem uma interface mais amigável que o rival. As suas principais vantagens são a integração com outros produtos da empresa e sua otimização, oferecendo bom desempenho mesmo em modelos antigos. Mas é importante ficar atento à compatibilidade com os softwares.
Já o Linux é um sistema operacional de código aberto, popular entre programadores devido à flexibilidade, mas não é a melhor escolha para iniciantes. Alguns modelos de notebooks são vendidos com esse sistema operacional para reduzir o preço, sendo possível instalar o Windows depois.
10. Acabamento
Há aspectos gerais da construção do notebook que podem afetar a experiência do usuário.
Se a ideia é comprar um aparelho voltado à mobilidade, vale a pena atentar-se a outras medidas além da tela, como o peso e as dimensões do produto.
Além disso, há notebooks construídos em plástico, mais em conta, ou em metal, mais comum em modelos premium. Também é importante verificar a quantidade e os tipos de portas disponíveis, como USB-C, USB-A (o tradicional), HDMI e leitor de cartões.
Teclados com luz de fundo, alto-falantes potentes e webcams de alta resolução também podem ser um diferencial na hora da compra.