A falta de água em boa parte da cidade do Rio de Janeiro e municípios da Baixada Fluminense afeta escolas, postos de saúde, universidades e o Tribunal de Justiça do Rio nesta sexta-feira (29). Muitas universidades suspenderam aulas e o tribunal cancelou o expediente presencial dos servidores.
O abastecimento na cidade é afetado desde a terça (26), quando houve paralisação do Sistema Guandu para manutenção anual realizada pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos).
O prazo para normalização era de 22 horas, mas a distribuição de água segue prejudicada, porque apesar de o Sistema Guandu ter voltado a operar com 100% da capacidade na quinta (28), segundo a Cedae, as concessionárias ainda faziam serviço de melhoria da rede, o que tem demorado para normalizar o abastecimento.
Desde 2021, ano da até então maior concessão de serviços de água e esgoto do Brasil, as concessionárias são responsáveis pelo tratamento e distribuição da água, e a Cedae faz a operação dos sistemas.
A Águas do Rio, concessionária responsável por boa parte da capital e municípios da região metropolitana, deu prazo até domingo (1°) para a normalização total, podendo levar mais tempo em áreas altas e nas pontas da rede de distribuição.
O Rio alcançou a maior temperatura do ano nesta quinta, com 43,2°C em Guaratiba. Na escala de calor de 1 a 5, criada pela prefeitura em julho, o Rio chegou ao nível 3 pela primeira vez. Nesta sexta, com o tempo nublado e previsão de chuva, retornou ao nível 1.
Além da manutenção da Cedae, a Águas do Rio precisou fazer reparo emergencial em uma rede de distribuição na zona portuária que afetou ainda mais o centro, zona sul e zona norte.
Com o problema emergencial 20 bairros foram prejudicados, entre eles Botafogo, Laranjeiras, Maracanã e Tijuca. A Águas do Rio disse que o fornecimento “está em processo de normalização”, o que significa que a água volta aos poucos.
Também há relatos de falta d’água em bairros da zona oeste cuja distribuição é responsabilidade da concessionária Rio+Saneamento.
Fora da capital, o abastecimento está afetado nos municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Na quinta, faltou água na ilha de Paquetá e nas cidades de Japeri, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá por conta de outro problema, a queda no fornecimento de energia.
Unidades da rede municipal de saúde do Rio estão com serviços prejudicados. Algumas clínicas e postos têm funcionamento parcial. “O problema é sério e começa a se agravar em algumas unidades”, afirmou a secretaria de Saúde, em nota.
Em publicação no X, o prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD) disse que pediu ao Procon carioca “rigor em relação a concessionária para aplicar as devidas punições”.
“Não bastasse o transtorno que está causando à população em várias áreas da cidade, existem prédios como hospitais e clínicas que passam por situações que implicam inclusive em risco de vida pela demora na normalização do abastecimento”, escreveu Paes.
Algumas escolas municipais adotaram atendimento remoto aos alunos, e outras solicitaram carros-pipa. A secretaria municipal de Educação diz que escolas foram impactadas pela falta d’água em 22 bairros, alguns populosos como Campo Grande, Maré e Cidade de Deus.
Campo Grande, o bairro mais populoso, tinha mais de 350 mil moradores no Censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, suspendeu expediente presencial nesta sexta (29).
Universidades como Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) também suspenderam as aulas nos campi.
Na terça, uma adutora se rompeu em Rocha Miranda, na zona norte. O rompimento causou a morte de uma mulher 80 anos, deixou estragos na rua e afetou o abastecimento. A Águas do Rio investiga o rompimento, mas menciona a idade do sistema como uma das causas. A canalização de concreto que passa pela região é de 1949.