O próximo verão, que começa em 21 de dezembro, deverá marcar temperaturas acima da média no Brasil, apontam meteorologistas. A chuva também tende a ser maior que o habitual para a estação do ano em boa parte do país, inclusive em São Paulo.
Há possibilidade de novas ondas de calor —nove delas foram registradas em 2024.
Com exceção do Sul, onde a temperatura deve ficar estável, principalmente no Rio Grande do Sul por causa da entrada de frentes frias, a previsão é que as elas sejam acima da média em todo o Brasil. No interior do Nordeste a diferença deve ser maior.
A comparação é com a normal climatológica de 1991 a 2020, estatística do período climático de 30 anos mais recentes levantada pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Entretanto, no geral, o próximo verão não deve ser tão quente quanto o último, quando houve influência o El Niño, aponta boletim do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp), elaborado para a Folha.
Considerando o país como um todo, afirma o meteorologista Bruno Bainy, do Cepagri, o calor atípico deverá ser mais intenso em dezembro, e amenizando gradualmente a partir de janeiro —mas, ainda assim, ultrapassa a média.
Apesar do provável desenvolvimento de um novo La Niña até dezembro —que tipicamente afeta as temperaturas no Sudeste do país, deixando-as abaixo da média climatológica durante os meses de verão—, afirma, o seu desenvolvimento tardio e a expectativa de fraca intensidade e breve duração explicam a tendência de a região possivelmente ter um estação mais quente.
O La Niña é caracterizado pelo resfriamento das temperaturas da superfície do oceano no Pacífico equatorial central e oriental, e geralmente provoca chuva, ao contrário do El Niño, (fenômeno que provoca o aquecimento do oceano Pacífico).
Esse resfriamento, aponta Danielle Ferreira, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), está mais lento que o habitual, o que provoca incertezas quanto aos seus efeitos.
De acordo com o Cepagri, chuvas podem ser superiores em grande parte do Norte do país, especialmente no Amazonas, em Roraima e no Acre.
Há condições favoráveis para precipitações na parte central do Brasil por causa da corrente de umidade Amazônia, aponta o Inmet
Também há indicativos de chuva ligeiramente superiores no Sudeste, especialmente entre o norte e o leste paulista, atingindo a região metropolitana de São Paulo, centro-sul de Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Na comparação com os demais estados da região Sul, choverá menos no Rio Grande do Sul que em Santa Catarina e Paraná.
Em uma perspectiva mensal, as chuvas na região Norte deverão ser mais volumosas sobretudo em janeiro e fevereiro, enquanto o déficit de precipitação no Nordeste deverá ser mais intenso em dezembro. No restante do país, a tendência é que chova durante todo o trimestre.
ONDAS DE CALOR
A meteorologista do instituto ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária não descarta a chance de o país voltar a bater recordes de calor nos próximos meses, mesmo em uma época de chuva.
“O aquecimento global vai influenciar em todas as estações do ano. Nas últimas décadas, principalmente a partir dos anos 2000, temos enfrentado cada vez mais esses eventos extremos. Inclusive ondas de calor mais intensas.”
As temperaturas até setembro deste ano foram acima da média. “Isso faz com que o ano de 2024 possa bater o recorde de 2023”, alerta.
A previsão para este verão, afirma o boletim da Unicamp, é apontada por todos os modelos climáticos consultados, com alto nível de concordância entre todos eles.
“Embora anomalias em torno de 0,5 a 1°C [faixa em que boa parte do país se enquadra] pareçam pequenas, quando considerados prazos mensais e trimestrais, elas se tornam muito expressivas”, afirma o Cepagri.
Na cidade de São Paulo, janeiro geralmente é o mês mais quente da estação, com temperatura média de 23,1°C, segundo o levantamento do Inmet.
A média de temperatura máxima no município chega a 29°C em março, a maior entre os meses da estação.
No último verão, entretanto, houve o registro de 34,7°C em 16 de março. Foi a maior marca da série histórica do Inmet para este mês desde 2012, quando havia sido registrado 34,3C.
Na porta do verão, a cidade do Rio de Janeiro registrou nesta quinta-feira (28) o dia mais quente do ano. Segundo o Sistema Alerta Rio, órgão de meteorologia da prefeitura, os termômetros atingiram a marca de 43,2°C às 12h45 na estação meteorológica de Guaratiba, zona oeste.
A medição oficial do Inmet apontou 40,4°C na região de Marambaia, a mais alta do país nesta quinta. O segundo lugar também foi na capital fluminense, com 40,1ºC na Vila Militar.