Começou com alta procura por parte de doadores a campanha de arrecadação para o pagamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, na zona leste de São Paulo. As buscas superaram por muito as expectativas iniciais e congestionaram o site da ação. Ainda assim, em pouco mais de 24 horas, até as 19h46, já haviam sido levantados R$ 7.841.913.
A vaquinha foi idealizada pela organizada Gaviões da Fiel e conta com o apoio do clube e da Caixa Econômica Federal, responsável pelo financiamento da arena –que foi inaugurada em 2014, como Arena Corinthians, e em 2020 teve o nome comercializado, passando a se chamar Neo Química Arena.
De acordo com o último balanço divulgado pela diretoria alvinegra, referente ao primeiro semestre, a dívida com a Caixa estava em R$ 710,1 milhões. Pelo mais recente acordo firmado entre clube e banco, o financiamento deve ser quitado até 2041. O Corinthians ganhou uma carência e vem arcando apenas com juros, com o pagamento propriamente dito a ser iniciado em 2025.
Por isso, a campanha estabeleceu como meta a obtenção de R$ 700 milhões. Porém, na prática, o objetivo é menor, porque os R$ 710,1 milhões são o valor previsto para o pagamento até 2041. A vaquinha tem duração máxima prevista de seis meses, e uma nova negociação será feita a partir do montante arrecadado, com um desconto considerável para o pagamento imediato.
“Nós vamos dar um desconto. Isso tem que entrar na conta”, afirmou o presidente da Caixa, Carlos Vieira, no mês passado, na ocasião da assinatura do protocolo de intenções da campanha. “Quando o banco recebe antecipado, tem a possibilidade de dar uma série de oportunidades. Vamos estudar a possibilidade de uma redução a partir do sucesso da campanha, que, tenho certeza, será exitosa.”
Não foi divulgado o número necessário para quitar a dívida de uma vez, mas o início da vaquinha foi considerado bastante animador. A plataforma de doações foi liberada na quarta-feira (27), às 19h10 –uma referência à fundação do clube, em 1910–, e houve 1 milhão de acessos na primeira hora. Pouco depois, o site foi derrubado com 2,5 milhões de acessos simultâneos.
Milhares de torcedores relataram dificuldade no processo, e os organizadores pediram calma. Pediram também cuidado com golpes e reiteraram que o único caminho para as doações é o site www.doearenacorinthians.com.br. No início da tarde de quinta (28), o Corinthians disse que já tinha derrubado 36 endereços de sites falsos.
“Estou muito feliz com o número alto que os torcedores conseguiram arrecadar nas primeiras horas. Temos a maior torcida do mundo, e não há dúvidas disso. O alto número de acessos no site só mostra a valorização que a torcida corintiana está dando para essa campanha, é algo histórico”, afirmou o presidente do clube, Augusto Melo.
“Está sendo bem mais do que a gente imaginava. A gente conhece o tamanho da Fiel, sabe do que ela é capaz, mas superou as nossas expectativas”, disse Edson Roberto Baptista de Oliveira, advogado da Gaviões.
As doações vão diretamente para uma conta indicada pela Caixa e não passam pelo Corinthians. Isso tem dois objetivos: evitar que o clube utilize os valores em algo que não o estádio e impedir que o dinheiro seja bloqueado em ações judiciais de outros dos muitos credores da agremiação preta e branca.
A ação é monitorada por um comitê fiscal com seis membros: um da diretoria do clube, um de seu Conselho Deliberativo, um da Gaviões e três independentes. O site oficial lista ainda 13 embaixadores, entre ídolos e personalidades alvinegras: Alessandra Negrini, Alfinete, Badauí, Basílio, Benjamin Back, Craque Neto, Fernanda de Freitas, MC Hariel, Rappin’ Hood, Rodrigo Mato Seco, Romero, Sabrina Sato e Tamires.
Os doadores recebem um certificado de que contribuíram e podem autorizar a inclusão de seu nome em um painel a ser instalado no estádio de Itaquera. Figuras como o pivô Deives, do time do Corinthians de futsal, já exibiram nas redes sociais seu certificado e incentivaram a realização de novas doações.
A campanha foi divulgada também pelo atacante Memphis Depay, que esteve na sede da Gaviões da Fiel na quarta. O recém-chegado holandês, que tem feito uma espécie de imersão na cultura popular de São Paulo, chegou a se arriscar no surdo, tocando ao lado de integrantes da torcida organizada, que também é uma escola de samba.