Escolher uma TV nova pode ser comparável à decisão de pintar uma parede ou de comprar um móvel novo, já que o aparelho vai transformar o ambiente onde será instalada —e, muitas vezes, se tornar o foco principal do espaço.
Mas, como no caso dos celulares, o que não faltam são marcas e modelos diferentes e configurações muitas vezes confusas. Só não há desta vez o mesmo tipo de rivalidade que existe entre usuários de Android e de iPhone, ao menos por enquanto.
Hoje, além dos canais, as TVs são usadas como uma central de entretenimento, por meio da qual se acessa os aplicativos de streaming de séries, filmes, música e até de videogames. Os preços podem variar de cerca de R$ 1.500 até R$ 40 mil, com tecnologias mais avançadas.
Segundo a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), as vendas da chamada linha marrom, cujos principais produtos são os televisores, cresceram 20% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023. Foram comercializados 6,3 milhões de TVs no período, com fatores como crescimento no acesso ao crédito e eventos como as Olimpíadas estimulando o consumo desses produtos.
Veja a seguir o que levar em conta ao comprar uma televisão.
1. Marca
O que diferencia as principais marcas de TVs são especialidades como a tecnologia usada no painel, recursos extras e a faixa de preço.
Segundo dados de 2024 da plataforma Statista, a Samsung detém quase metade do mercado de TVs no país (45%), seguida por LG (24%), Philco (8%), Philips (5%) e TCL (4%).
Existem outras alternativas conhecidas, mas é importante, como sempre, ficar de olho na reputação das empresas em sites de avaliação, no suporte oferecido aos clientes brasileiros e no histórico de produtos.
As marcas mais comuns no Brasil se destacam principalmente, no caso da Samsung, pela oferta ampla e a boa qualidade das telas; da LG, pela liderança no segmento OLED; da Philips, pela iluminação traseira Ambilight; e a Philco e a TCL pelos preços competitivos em modelos mais básicos.
2. Preço
Modelos de entrada têm um tamanho de tela menor (até 43″), com tecnologia LED e recursos básicos de smart TV. São ideais para quem busca um uso básico gastando menos, já que custam de cerca de R$ 1.500 a R$ 2.500.
As versões intermediárias têm telas maiores, melhor qualidade de imagem com a tecnologia QLED, Neo QLED ou QNED e são mais rápidas para executar aplicativos. Também costumam ser compatíveis com tecnologias como HDR. Custam de cerca de R$ 2.500 a R$ 5.000.
Acima de R$ 5.000, já aparecem os modelos OLED, que oferecem os melhores contrastes e o melhor acabamento, além de recursos como Dolby Vision e Dolby Atmos. Esses aparelhos premium podem chegar até os R$ 40 mil para versões com resolução 8K ou com telas enormes.
Samsung e LG, as principais marcas do mercado, oferecem as melhores opções nos níveis intermediário e premium. Para TVs de entrada, as outras marcas, Philco, Philips e TCL, oferecem maior variedade e preços melhores.
3. Tamanho
Medido em polegadas na diagonal do aparelho, o tamanho da TV é um dos principais fatores a se considerar na hora da compra, já que ela vai ocupar uma parte significativa da parede ou do móvel onde será instalada.
Além do espaço disponível, o tamanho ideal também vai depender da distância entre a TV e o espectador. O site da Samsung, por exemplo, sugere que a tela ocupe 40 graus do campo de visão do espectador para garantir uma experiência mais imersiva.
Para calcular a distância adequada nesse caso, multiplique o tamanho da tela por 1,2. Assim, para uma TV de 55 polegadas, isso significa sentar a 66 polegadas ou, convertendo, a 1,67 metro de distância.
4. Resolução
A resolução refere-se à quantidade de pixels na tela —quanto maior, mais nítida será a imagem exibida em uma tela do mesmo tamanho.
As resoluções mais comuns, em ordem crescente, são HD (720p), Full HD (1080p), Quad HD (1440p) e 4K UHD (2160p). Hoje já existem TVs 8K (4320p), mas a oferta de conteúdo nessa qualidade ainda é limitada. Em 2024, uma TV com resolução 4K UHD é suficiente para a maioria das pessoas.
A resolução também se relaciona com o item anterior, sobre o tamanho da tela. Uma TV Full HD de 42″ tem uma densidade de pixels (PPI, na sigla em inglês) menor que uma de 32″ com a mesma resolução, o que significa que a TV menor apresentará uma imagem mais definida. Além disso, a distância do em relação à tela também influencia na percepção da qualidade da imagem.
Mas como hoje a maior parte das TVs no mercado oferecem, no mínimo, resolução Full HD, com muitos modelos acessíveis em 4K UHD, esses aspectos têm menor impacto na decisão de compra.
5. Tecnologia do painel
A tecnologia da tela é o que vai definir, afinal, a qualidade geral da imagem exibida. Hoje, as principais opções no mercado são o LED (e suas variações) e o OLED.
As TVs do primeiro tipo são TVs LCD que usam diodos emissores de luz (LEDs, na sigla em inglês) para iluminar o painel. É a tecnologia mais comum no setor.
Na categoria também existem as TVs QLED, com pontos quânticos que oferecem cores mais vibrantes e contraste e brilho maiores, uma espécie de evolução das LEDs tradicionais. No Brasil, os principais modelos QLED são da Samsung e TCL, enquanto a LG usa uma tecnologia semelhante em sua linha QNED.
Já nas TVs OLED cada pixel emite sua própria luz, o que permite que a TV exiba pretos realmente escuros, já que os pontos não estão iluminados. Isso faz com que esses modelos ofereçam os melhores contrastes do mercado.
Embora isso faça das OLEDs a escolha ideal para quem busca a melhor experiência visual possível dentro de casa, a tecnologia ainda é mais cara e tem menos variedade de preço, marcas e modelos em comparação com as LEDs.
Em janeiro de 2024, segundo a Eletros (associação do setor), foram vendidos 964 mil aparelhos de TV no Brasil, sendo 961,7 mil LCDs e 2.509 OLEDs. No país apenas a LG, líder nesse segmento, e a Samsung oferecem esses modelos.
Existe também um meio-termo nas Neo QLED (Samsung) e QNED MiniLED (LG), que combinam aspectos das duas tecnologias para oferecer uma qualidade de imagem superior, embora ainda a um preço menor que o OLED puro.
Em ordem crescente de preço, as tecnologias se dispõem assim: LED, QLED, QNED MiniLED, Neo QLED e OLED. A qualidade da imagem segue essa tendência, mas há variações entre os modelos, especialmente em termos de brilho e cor.
A escolha ideal vai depender do orçamento e das preferências pessoais. Enquanto as LEDs oferecem uma boa relação custo-benefício e abrangem desde modelos mais simples até avançados, as OLEDs são ótimas para quem quiser uma qualidade de cinema em casa sem precisar pesquisar muito —e está disposto a pagar mais por isso.
6. Taxa de atualização
A taxa de atualização, medida em Hertz (Hz), indica quantas vezes a imagem na tela é atualizada por segundo. Uma frequência mais alta (120 Hz, 144 Hz) resulta em movimentos mais suaves, o que é útil especialmente para games e esportes. No entanto, para a maioria dos usos cotidianos, como assistir a filmes, séries e canais de TV, uma taxa de 60 Hz é comum e suficiente.
7. Som
Menos chamativa que a imagem da TV, a qualidade do som também pode ser levada em conta na hora da compra. Embora os sistemas de áudio integrado dos aparelhos tenham melhorado, eles ainda recebem pouca atenção, e as próprias marcas oferecem pacotes que já incluem as soundbars, mais potentes.
A potência dos alto-falantes, medida em watts (W), indica o volume máximo que a TV pode alcançar e pode ser um critério útil na hora de decidir. Geralmente, varia de 20 W, nos modelos mais básicos, a 60 W. TVs com maior potência tendem a fornecer som mais forte, mas a qualidade geral também depende do design, da calibração e da tecnologia usada.
Aparelhos compatíveis com o sistema Dolby Atmos ainda conseguem oferecer uma experiência sonora mais imersiva.
8. Smart TV
A maioria das TVs hoje em dia são smart TVs, o que significa que elas podem se conectar à internet e oferecer acesso a aplicativos de streaming como Netflix, Globoplay, Spotify e Max.
Hoje, optar por um modelo que não seja smart significa na maior parte dos casos comprar um aparelho obsoleto, sem as outras vantagens que os mais novos oferecem em relação à imagem e ao som, por exemplo.
Os principais sistemas operacionais de smart TVs vendidas no Brasil são Roku TV, Android TV, Google TV, Tizen (Samsung) e WebOS (LG). Todos são intuitivos e compatíveis com os principais aplicativos, mas o desempenho de cada um varia de acordo com o modelo.
Uma série de funcionalidades adicionais também podem fazer a diferença em uma TV. Uma que se destaca é o HDR (High Dynamic Range, grande alcance dinâmico), que melhora a imagem ao expandir o contraste e a gama de cores. TVs com HDR exibem imagens de áreas claras e escuras com maior precisão.
Existem diferentes formatos de HDR, como HDR10, HDR10+ e Dolby Vision, considerado o mais avançado. Em muitos casos, o recurso pode ter um impacto maior na qualidade geral da imagem do que a própria resolução da TV.
Também importantes —ao menos para quem joga videogame— são o Modo de Jogo, que otimiza a TV para reduzir a latência (tempo de resposta do controle), e o VRR (taxa de atualização variável), que sincroniza a taxa de exibição da TV com a taxa de quadros do conteúdo, evitando “screen tearing” (corte da imagem).
Televisões da Philips ainda têm o recurso Ambilight, aqueles LEDs atrás dos aparelhos cujas cores seguem o que está sendo exibido na televisão, o que pode ser interessante para quem busca imersão.
Recursos de controle por voz e smart home também são úteis para quem deseja integrar a TV a um ecossistema de dispositivos inteligentes em casa.
10. Conectividade
Para quem tem consoles, leitores de Blu-ray, receptores de TV e outros dispositivos, também vale verificar a quantidade e os tipos de portas disponíveis na televisão, como HDMI, RF, USB e saída de áudio digital.