O número de mortes causadas por doenças relacionadas ao consumo de álcool mais que dobrou entre pessoas dos Estados Unidos, entre 1999 e 2020, de acordo com uma nova pesquisa. O álcool esteve envolvido em quase 50 mil mortes entre adultos de 25 a 85 anos em 2020, em comparação com pouco menos de 20 mil em 1999.
Os aumentos ocorreram em todas as faixas etárias, mas o maior aumento foi observado entre adultos de 25 a 34 anos, cuja taxa de mortalidade aumentou quase quatro vezes entre 1999 e 2020. Os dados são de um novo estudo publicado no The American Journal of Medicine.
As mulheres ainda têm uma probabilidade muito menor do que os homens de morrerem por doenças relacionadas ao álcool, mas também enfrentaram um aumento significativo, com as taxas subindo 2,5 vezes ao longo de 20 anos.
As mortes relacionadas ao álcool incluíram aquelas causadas por certas formas de doenças cardíacas, doenças hepáticas, danos nos nervos, danos musculares, pancreatite e intoxicação alcoólica, bem como distúrbios mentais e comportamentais relacionados. O estudo não incluiu outras mortes influenciadas pelo álcool, como acidentes.
“A totalidade das evidências indica que pessoas que consomem quantidades moderadas a grandes de álcool têm uma incidência marcadamente aumentada de mortes prematuras e incapacidades”, afirma Charles Hennekens, professor de medicina na Charles E. Schmidt College of Medicine da Florida Atlantic University e um dos autores do estudo.
Além dessa, outras pesquisas recentes chamaram a atenção para o impacto do aumento do consumo de álcool, principalmente desde a pandemia da Covid-19, à medida que os americanos enfrentaram ansiedade aumentada, incerteza econômica e isolamento social.
Algumas jurisdições locais também aliviaram as restrições à venda de álcool durante a pandemia e o aumento no consumo parece ter persistido. Adultos relataram mais consumo excessivo e compulsivo de álcool em 2022, segundo outro estudo recente.
Cerca de 48.870 mortes relacionadas ao álcool foram relatadas em 2020, em comparação com 19.356 em 1999. A taxa de mortalidade subiu para 21,6 mortes por 100 mil em 2020, um aumento em relação a 10,7 mortes por 100 mil em 1999.
As mortes relacionadas ao álcool aumentaram em todas as faixas etárias, com o maior número entre aqueles de 55 a 64 anos. O aumento nas mortes entre aqueles com 85 anos ou mais não foi significativo.
As mortes aumentaram entre todos os grupos raciais e étnicos e em todas as regiões geográficas, mas os aumentos mais acentuados ocorreram entre asiáticos americanos e ilhéus do Pacífico, cuja taxa de mortalidade aumentou 2,4 vezes. No meio-oeste, a taxa de mortalidade aumentou 2,5 vezes ao longo do período de duas décadas.
Os homens ainda morrem de doenças relacionadas ao álcool nas taxas e números mais altos, mas dois grupos especialmente vulneráveis aos efeitos do álcool na saúde — mulheres e americanos mais velhos — estão consumindo mais álcool do que no passado.
O consumo moderado é definido como uma bebida ou menos por dia para mulheres e duas bebidas ou menos para homens.
O consumo excessivo para mulheres é de quatro porções padrão ou mais por dia e oito ou mais por semana; para homens, o consumo excessivo é definido como cinco porções ou mais em um dia, e 15 por semana.
Beber compulsivamente significa consumir de quatro a cinco bebidas em um período de aproximadamente duas horas.
Hennekens e seus colegas levantaram a hipótese de que o aumento das taxas de sobrepeso e obesidade também pode estar desempenhando um papel nas mortes relacionadas ao álcool.
Quase três quartos dos adultos americanos estão com sobrepeso ou obesidade, de acordo com um estudo recente. Eles estão se tornando com sobrepeso ou obesidade em idades mais jovens do que no passado.
Tanto a obesidade quanto o consumo excessivo de álcool está associada a fatores de risco para doenças cardiovasculares e doenças hepáticas. A combinação de consumo de álcool e sobrepeso pode acelerar a progressão dessas doenças, segundo Hennekens.
Os autores instaram os profissionais de saúde a estarem cientes de que a pressão alta ligada à obesidade pode ser agravada pelo consumo de álcool e a rastrear os pacientes quanto ao consumo de álcool.
“Temos uma mensagem forte para os profissionais de saúde e seus pacientes para tentar fazer algo sobre ambos os problemas, consumo de álcool e sobrepeso e obesidade.”