O médico Josias Caetano dos Santos, responsável pela hidrolipo que culminou na morte de Paloma Lopes Alves, 31, na tarde desta terça-feira (26), em São Paulo, afirmou que a paciente estava com os exames em dia.
“É uma paciente jovem, que gozava de boa saúde. Fez todos os exames pré-operatórios e estava apta para o procedimento. Pedi exame de função renal, hemograma, coagulograma, eletrólitos e também ecocardiograma, tudo pedido via aplicativo. Estava tudo ok, ela estava com boa saúde”, afirmou.
Ele explicou que a paciente passou por avaliação via teleconsulta no dia 12 de novembro.
“Avaliei o porte físico, as expectativas dela e o que desejava fazer. A gente conversou e fiz um questionário com ela”, disse.
Ele confirmou que os dois se encontraram pessoalmente apenas no dia da cirurgia e que na ocasião procedimento foi novamente explicado a ela e ao marido, segundo Josias Caetano.
O médico diz que o procedimento foi realizado com a presença de um anestesista, que ficou na sala de cirurgia todo o tempo, acompanhando a paciente.
“Transcorreu tudo bem, com total normalidade. Fiz o abdômen e retirei 2 litros de gordura, nos flancos tirei mais 1 litro. No total, foram 3 litros de gordura, o que está dentro do aceitável e do limite de segurança para uma paciente de pouco mais de 60 kg”, explica.
De acordo com ele, a paciente estava bem, com todos os sinais vitais estáveis, acordou da anestesia e conversou. Na sequência, foi encaminhada para a sala de recuperação pós-anestesia, mas passou mal de 10 a 15 minutos depois.
“Ela estava com cateter de oxigênio e mesmo assim estava com dificuldade para respirar. Levei para o centro cirúrgico, que é uma UTI, tem carrinho de parada, tem desfibrilador. Nesse momento, o quadro respiratório piorou, ficou inconsciente e com pulso fraco. Fiz as manobras cardiorrespiratórias, junto com três enfermeiras e depois o médico anestesista”, explicou.
Foi necessário intubar a paciente, segundo Josias Caetano. Ele e o anestesista revezaram as manobras, disse.
“Aconteceu de ela voltar a ter batimentos cardíacos, voltou a respirar sozinha e a se movimentar. Mas piorou e voltou a ter a ter a segunda parada cardíaca. Não é normal uma jovem que teve um procedimento sem intercorrência não responder a ventilação mecânica. Não dá para saber sem perícia, mas é mais provável que tenha tido um colapso pulmonar ou cardíaco”, avaliou.
Josias Caetano afirmou que o procedimento não tem alta complexidade.
“Pode ser realizado no hospital day, que é o caso, com centro cirúrgico preparado, com carrinho de parada e desfibrilador, para um primeiro suporte em caso de intercorrência”, disse.
De acordo com a prefeitura, a clínica estava irregular, foi autuada e lacrada. Ele explicou que a clínica não é dele, que o paciente paga o pacote completo para a clínica e ele recebe uma porcentagem como prestador de serviço, sem vínculo empregatício.
“A clínica tem dono e responsável técnico. Até onde sei, estava regular e operacionalmente tudo certo”, afirmou.
ACUSAÇÕES DE ERRO MÉDICO
Josias Caetano enfrenta reclamações de pacientes por supostos erros médicos em cirurgias plásticas.
O advogado Lairon Joe Alves Pereira, que defende o médico, disse que um grupo de pacientes atendidas por ele realizou denúncias de erros médicos em 2022. Os atendimentos aconteceram em outro local.
“Não houve erro médico. Elas tiveram intercorrências e o advogado disse que quem entrasse com processo receberia indenização de 200 salários mínimos. O único intuito era financeiro e de causar visibilidade ao advogado”, afirmou Lairon Joe.
Segundo o médico, foram dez processos criminais, sendo nove arquivados e apenas um em fase de investigação.
“Teve 20 pacientes mais ou menos com reclamação, sendo que a maioria era questão estética de posicionamento de cicatriz. Temos perícia criminal que não constatou erro”, disse o médico.