A série de reportagens Amazônia na Rota do Petróleo, com três capítulos publicados na Folha em agosto e setembro de 2024, venceu a categoria multimídia do 41º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, organizado pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos. O anúncio foi feito nesta terça-feira (26).
O prêmio é organizado em parceria com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio Grande do Sul e reconhece, desde 1984, trabalhos jornalísticos voltados à temática dos direitos humanos.
A série premiada é de autoria do repórter Vinicius Sassine, correspondente do jornal na Amazônia, e do repórter fotográfico Lalo de Almeida.
O trabalho mostrou os riscos, para o meio ambiente e para as comunidades próximas, associados a projetos de exploração de combustíveis fósseis na maior floresta tropical do mundo. Para os três capítulos da série, os repórteres visitaram locais com empreendimentos de óleo e gás já instalados ou em avaliação.
O primeiro capítulo conta a sensibilidade socioambiental da região mais próxima, na costa amazônica, ao bloco que Petrobras e o governo Lula (PT) querem explorar na margem equatorial, com pressão por uma licença para perfuração do chamado bloco 59 ainda em 2024.
O capítulo seguinte mostra a expansão acelerada do maior empreendimento privado de óleo e gás na floresta, no leste do Amazonas, com avanço sobre terrenos de agricultores. O terceiro capítulo trata dos novos blocos concedidos para exploração, também com impactos a comunidades tradicionais.
A mesma série de reportagens ficou em primeiro lugar na categoria nacional do Prêmio Ampla de Jornalismo, promovido pela organização Ampla, sediada em Belém, anunciado em 16 de outubro.
No Prêmio Direitos Humanos, também foram vencedores na categoria multimídia o trabalho “Máquina de Loucos”, do site Intercept Brasil, que dividiu o primeiro lugar com a série publicada pela Folha; “O Contragolpe”, de O Globo, e “Polícia das Cidades”, do jornal O Estado de S. Paulo, em segundo lugar; e “Migração: Um Recomeço”, da RBS TV, em terceiro.
Outra série de reportagens da Folha com apuração in loco na região amazônica, “Cerco às Aldeias”, também de autoria de Vinicius Sassine e Lalo de Almeida, recebeu menção honrosa no Prêmio Lincoln de Jornalismo sobre políticas urbanas, desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas.
O prêmio recebeu inscrições de 265 reportagens publicadas por veículos na América Latina. O anúncio dos vencedores ocorreu em 24 de outubro.
O mesmo trabalho ficou em terceiro lugar no Prêmio Amaerj Patrícia Acioli de Direitos Humanos, na categoria reportagens jornalísticas. O prêmio, promovido pela Amaerj (Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro), foi entregue em 7 de novembro.
“Cerco às Aldeias” foi publicada de junho de 2023 a janeiro de 2024. Demorou um ano para ser feita.
Foram meses de pesquisas prévias ao trabalho de reportagem nas quatro terras indígenas mais invadidas pelo garimpo ilegal no Brasil. A série mostrou o cotidiano de comunidades que se viram cercadas pela exploração ilegal e predatória de ouro.
As reportagens mostraram o cotidiano de aldeias nas terras indígenas Kayapó e Mundurucu, no Pará; Yanomami, em Roraima; e Sararé, em Mato Grosso.